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Magazine Cultural a divulgar Cabo Verde desde 2010
Brito-Semedo, 28 Ago 11
Equipa Mista, Casados e Solteiros, Mindelo, 1951
Equipa de Casados, Mindelo, 1951
Legenda (esquerda para a direita) – De pé: Dufega, Jom de Nha Estudante, Piloto de Bia Djodja, José Figueira, Herminio Pereira, Dr. Baltasar Lopes, Jom Bintim, Jorge Sena Pinto, Djosa Sena; Agachados: Filinto Jóia, Tuta Melo, Djony Barbeiro, Manecas (mascote), Jom Dóia e Djack de Câmara.
"Dr. Baltasar ti ta ba pa Brasil!" Nunca uma frase foi tão preocupante para o povinho amante e assaz ambígua na nossa língua crioula. É que mais de dois terços da população mindelense a interpretava no pior sentido pois conheciam os rumores que sempre circulavam sobre esse filho querido de Cabo Verde, que nunca trocou a sua terra natal por qualquer outra. Nem a possibilidade que teve de ir para Coimbra, o que seria a cereja sobre o bolo para tão brilhante e ilustre cabo-verdiano, que jamais será esquecido urbi et orbi.
Quem havia de aproveitar do boato (ele nem sabia se era "a" ou "para") foi o meu dinâmico tio, João Oliveira Santos, popularmente conhecido por Jom Bintim, o criador do Derby, o homem dos cavalos, das receitas de meladinha (ô tonte dor de cabeça!!!) e de manifestações, nomeadamente as despedidas do Dr. Baptista de Sousa e Dr. Luiz Terry.
E foi assim que, aproveitando-se da noticia que inquietava a população, pôs em prática a sua experiência em matéria de organizações para montar uma "festa de despedida" como se o nosso Homem estivesse de malas arranjadas para ir residir nas terras de Amado, Bandeira, Graciliano, Lins do Rego, etc., deixando para trás o primo José Lopes, Jorge Barbosa, Manuel Ferreira e tantos mais. Nho Baltas só queria (e Jom Bintim não sabia) ir ouvir as modinhas em voga, ver a Praia de Copacana e subir ao Pão de Açúcar.
No programa da festinha houve um jogo de futebol entre Casados e Solteiros, seguido de um baile na sede do Castilho com discursos de fazer chorar (Senhor dotor ca bocê 'squecê de nôs).
Os que pensavam que a ida seria definitiva cedo realizaram que a viagem foi, se calhar, uma promessa de pôr os pés na Terra de Vera Cruz.
– Valdemar Pereira, Tours, França
Início da década de 1950, e eu nunca tinha ouvido falar nesta despedida a não ser por relato do Valdemar. Eu era muito pequenino ainda.
Realmente, a expressão crioula pode conter ambiguidades. A língua portuguesa diria: Nhô Baltas vai para o Brasil, ou Nhô Baltas vai ao Brasil, frases em que as preposições “para” ou “a” marcam a diferença definindo o sentido preciso da deslocação do professor ao Brasil. Mas o crioulo neste caso não deixa escapatória possível pois, que se saiba, só é possível utilizar o “pa”. Bem gostaria de saber se o ALUPEC, com a sua pseudo-gramática, tem respostas para estes casos, mas duvido.
Agora, será que a rapaziada não sabia mesmo que o nhô Baltas ia apenas para arejar o espírito? Como sabemos, na nossa terra, arranja-se sempre pretexto para organizar umas farras, um baile ou umas comezainas. Veja-se o butzód de boneca!
Foi bom rever estas pessoas tal como eram naquele tempo.
Esquecer!? Ninguém esquece…
Suspende fragmentos na câmara escura, que se revelam à luz da lembrança...
Um belíssimo texto este da senhora Sónia Jardim. T...
Interessante que isto me lembra um estória de quel...
Muito obrigado, m descobri hoje e m aprende txeu!!...