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Brito-Semedo, 7 Set 11
Legenda: Agnelo Adolfo Avelino Henriques, de pé, Manuel do Sacramento Monteiro e Danilo Henriques (o miúdo)
Fotos, anos 30, gentilmente cedidas por Amélia Sacramento Monteiro, Portugal
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Sokols, organização de massa juvenil fundada em S. Vicente, em 1932, por Júlio Bento de Oliveira (S. Vicente, 1905-1981), inspirado no movimento checo surgido em 1862, como “Sokols de Cabo Verde”, tendo depois mudado o nome (com tradução da palavra sokol) para “Falcões de Cabo Verde”. Para além da cultura física, a organização procurava inculcar nos seus membros os valores cívicos e democráticos que também regiam a sua congénere da Checoslováquia.
No Boletim Oficial, N.º 52, de 29 de Dezembro de 1934, vêm publicados os Estatutos da Associação “Falcões Portugueses de Cabo Verde”. Razões internas e externas terão servido de pretexto para ditar o fim da organização: (i) em 1934, durante a “Revolta de Nhô Ambrose”, a associação ajudou a acalmar o povo, tendo demonstrado simpatia pela sua causa; (ii) em 1937, manifestou o seu repúdio pela decisão governamental de extinguir o liceu; e (iii) a culminar, em 1938, a Checoslováquia foi invadida pelo exército nazi e deixou de existir como país independente.
Por Decreto N.º 29.453, de 17 de Fevereiro de 1939, a associação foi extinta e imposta no seu lugar a “Mocidade Portuguesa”, convertendo-se os “Falcões de Cabo Verde” na Ala N.º 2 “Afonso de Albuquerque” da Mocidade Portuguesa.
– Informações recolhidas da obra de João Nobre de Oliveira, A Imprensa Cabo-Verdiana. 1820-1975. Macau, Fundação Macau e D.S.E.J., 1998
Já o disse e volto a dizer. Enquanto estive em Cabo Verde nunca ouvi falar dos Sokols. Posso ter ouvido falar, mas se nada me ficou impressa na memória é porque a menção a essa organização não teve ênfase nem o propósito de a enaltecer e divulgar. Confesso que só através do romance Capitão de Mar e Terra, de Teixeira de Sousa, é que fiquei com uma ideia composta do que foram os Sokols de S. Vicente. E fiquei muito sensibilizado com o que passei a conhecer, porque não é fácil pôr de pé um projecto desta natureza. Requer grande espírito de iniciativa, elevada formação cívica e excepcional dedicação. O seu criador, Júlio Bento Oliveira, tinha isso tudo.
É através daquele romance que fiquei também a saber que só a Mocidade Portuguesa viria a destronar os Sokols, mediante processos sub-reptícios para lograr os seus fins. Os Sokols foram persuadidos a integrarem-se na Mocidade Portuguesa, sob pena de perderem a sua sustentação natural.
Ora, os cabo-verdianos aderiram aos Sokols de livre vontade e cheios de entusiasmo cívico, identificando-se de alma e coração com a organização. Aquilo não tinha nada a ver com a política e as autoridades administrativas. Aquilo era a sociedade no esplendor da sua liberdade e do seu querer. Contrariamente, a Mocidade Portuguesa era uma ideia nascida do coração do regime de Salazar e era uma imitação do que fazia a Alemanha e a Itália fascistas. É claro que a Mocidade Portuguesa era algo de trazer por casa, sem qualquer propósito de ser a voz juvenil da política ditatorial. Apenas corporizava um projecto de enquadrar a juventude em actividades pré-militares, desportivas e recreativas, mas, claro, com uma evidente marca ideológica. A filiação não era obrigatória e a prova disso é que no meu caso nunca a ela pertenci. Apenas a fase da chamada Milícia, a partir dos 17 ou 18 anos, é que era imposta, não de uma forma directa mas intimidatória, com a ameaça de perda de ano no liceu. E foi assim que fui lá parar, eu o Luiz e outros da mesma idade, recebendo instrução de ordem unida e de manuseamento da espingarda Mauser no quartel de Chã de Alecrim.
Continua…
Continuação…
Mas os Sokols eram outra coisa. Poder-se-á pensar que isso é coisa de outros tempos e que é inimaginável ressuscitar os Sokols nos tempos da internet, Ipad, Ipod, telemóvel, televisão, etc.
Mas se calhar por isso mesmo é que precisamos de novos Sokols em Cabo Verde. Mas onde encontrar um Júlio Bento Oliveira?
Depois de ficar a conhecer os Sokols, a sua presença no meu imaginário foi tal que ao escrever um poema evocativo da antiga Praça Estrela nele coube a seguinte estrofe:
À luz poente a Praça Estrela aguarda a noite
E a roda do tempo gira a favor dos sentidos
Os Sokois desfilaram com a pompa dos seus ideais
E no ar retine ainda a sonoridade dos seus clarins
Espalhando vibrações da sua indómita vontade
No deserto de fortuna onde despontou uma flor
Esquecer!? Ninguém esquece…
Suspende fragmentos na câmara escura, que se revelam à luz da lembrança...
Corrigido no texto. Grato pela correção. Abraço.
Ele nasceu em 1824.
Grato pela partilha destas informações que enrique...
Devido à oportunidade de realizar pesquisas sobre ...
Já está disponível e pode ser baixado em PDF a par...
Gostei mesmo ,olha esta Organizaçao ainda existe na Europa!
Interessante que temos cruzado com eles nas Gymnaestradas Mundiais que temos participado e desta ultima ate nos deram o contacto e quando leio tudo isso digo-te porque nao reatar a amizade com esta gente !Eles la para Republica Checa e um dia tivemos ligaçao forte! Um abraço ,tudo de bom Brito! M.Eduarda Vasconcelos.