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Brito-Semedo, 23 Set 11
Cesária Évora
(São Vicente, 27 de Agosto de 1941)
A cantora cabo-verdiana Cesária Évora pôs hoje termo à sua carreira, disse à Lusa fonte da promotora Tumbao, que representa a artista.
A mesma fonte, afirmou que, "apesar da tristeza de Cesária, que não queria abandonar os palcos, por conselho médico vê-se forçada a isso".
Os concertos que a cantora tinha agendado para as próximas semanas, referiu a mesma fonte, ficam todos cancelados.
Cesária Évora, que fez 70 anos a 27 de Agosto, chegou há alguns dias a Paris “num estado debilitado”, tendo os médicos que a seguem naquela cidade “imposto que anulasse a próxima digressão”.
A cantora decidiu, em acordo com o seu produtor e manager José da Silva, “que iria pôr termo definitivamente à sua carreira”. (Fonte)
Cesária Évora nasceu na cidade do Mindelo em 1941. Tinha mais quatro irmãos. O seu pai, Justino da Cruz, tocava cavaquinho, violão e violino. Quando jovem, foi viver com a avó, que havia sido educada por freiras, acabando, assim, por passar por uma experiência que a levou a desprezar a moralidade excessivamente severa.
Entre os seus amigos, estava B. Léza, o compositor favorito dos caboverdianos, que faleceu quando ela tinha dezassete anos de idade. Desde cedo, Cize, como era conhecida pelos amigos, começou a cantar e a fazer actuações aos domingos na praça principal da sua cidade, acompanhada pelo seu irmão Lela, no saxofone. Mas a sua vida está intrinsecamente ligada ao bairro do Lombo, onde cantou com músicos como Gregório Gonçalves (Ti Goi). Aos 16 anos, Cesária começou a cantar em bares e hotéis e, com a ajuda de alguns músicos locais, ganhou maior notoriedade, sendo proclamada pelos seus fãs a "Rainha da Morna".
Aos vinte anos, foi convidada a ir trabalhar como cantora para os navios do Congelo – companhia de pesca criada por capital local e português – recebendo conforme as actuações que fazia. Em 1975, ano em que Cabo Verde adquiriu a independência, Cesária, frustrada por questões pessoais e financeiras, aliado à dificuldade económica e política do jovem país, deixou de cantar. Durante esse período, que se prolongou por dez anos, Cesária teve de lutar contra o alcoolismo. Por isso, Cesária chamou a esse período os seus dark years.
Passada essa fase difícil e com o propósito de a ajudar monetariamente, o Club Derby, numa iniciativa do treinador Lalela e com o envolvimento do músico e compositor Ti Goi, organizou um Sarau Cultural, onde se deu o reaparecimento da Cize e foi feito o lançamento da jovem e promissora cantora Fantcha. Em 1985, foi escolhida pela Organização das Mulheres de Cabo Verde (OMCV) como uma das quatro artistas a figurar numa compilação especial com intérpretes caboverdianas, o álbum Mudjer. Na sequência, encorajada por Bana (cantor e empresário cabo-verdiano radicado em Portugal), Cesária Évora voltou a cantar, actuando em Portugal. José da Silva, um caboverdiano de São Vicente radicado em França e que viria a tornar-se no seu manager, persuadiu-a a ir para Paris e, lá, acabou por gravar um novo álbum, em 1988, intitulado La diva aux pied nus (a diva dos pés descalços) – correspondendo à forma como se apresenta nos palcos. Este álbum foi aclamado pela crítica, levando-a a iniciar a gravação do seu segundo álbum, Miss Perfumado, em 1992. Cesária tornou-se, assim, uma estrela internacional aos 47 anos de idade.
Em 2004, Cesária Évora conquistou o prémio Grammy de “melhor álbum de world music contemporânea”. Em 2006, por ocasião do 31.º Aniversário da Independência de Cabo Verde, Cize foi condecorada pelo Presidente da República Pedro Pires com a 1.ª Classe da Medalha do Vulcão. Em 2007, foi distinguida pelo então Presidente da República Francesa, Jacques Chirac, com a medalha da Legião de Honra da França, tendo-lhe esta sido entregue em 2009 pela Ministra da Cultura francesa, Christine Albanel. Em Dezembro de 2010, no Rio de Janeiro, o Presidente Lula da Silva condecorou Cesária Évora com a medalha de Ordem do Mérito Cultural 2010.
Aos 70 anos, na decorrência de uma sucessão de problemas de saúde, Cesária decide, em Setembro de 2011, terminar a sua carreira.
Fonte: Wikipédia
Nota: Um mês depois, Cize já está em S. Vicente. Ler a notícia aqui.
Esquecer!? Ninguém esquece…
Suspende fragmentos na câmara escura, que se revelam à luz da lembrança...
Um belíssimo texto este da senhora Sónia Jardim. T...
Interessante que isto me lembra um estória de quel...
Muito obrigado, m descobri hoje e m aprende txeu!!...
Quando nos fins dos anos oitenta do século XX a Cise aparece em Paris a convite de dois amigos, o Djô da Silva e o Nando Juff, ninguém seria capaz de protoganizar uma carreira artística tão brilhante, representando a nossa cultura em todos os palcos do mundo. Mulher simples, sem sonhos de riquezas, queria cantar e ser apreciada pelos amigos e admiradores. O sucesso chegou com o tempo graças ao seu talento e dos seus colaboradores. No seu primeiro CD em Paris, feito com toda a simplicidade, ao escrever o prefácio chamei-lhe « A Diva dos pés nus ». E o título ficou colado à sua maneira de estar em cena com os pés descalços que lhe transmitem o ritmo e o calor das noites de Mindelo. O sucesso não veio logo: foi preciso muita persistência, tanto do manager José da Silva como também da parte dela e dos artistas que acompanhavam e em especial dos maestros Paulino e Luis Morais, bem como dos compositores históricos como B.Leza e Manuel d’Novas. Correu mundo e mundos, esteve nos maiores palcos do mundo, conservando sempre a sua simplicidade e uma grande fraternidade nas relações humanas. Há já alguns anos, numa escola primária de Epinay S/Seine, onde tenho a minha residência, numa sala de aulas de 35 alunos, dois terços dos alunos conheciam as músicas interpretadas por Cesária Évora e o nome do seu país de origem. Graças à sua voz e ao talento dos seus músicos tornou-se a maior voz de Cabo Verde no mundo.
Está na idade de reforma, embora uma cantora inspirada como a Cesária Évora não para de cantar. Certamente que vai voltar a gravar mesmo que não tenha que voltar aos palcos do mundo onde foi , repetidas vezes, ovacionada e de pé. Ela vai ter a oportunidade de revisitar os países onde cantou, deixou muitos amigos e que nem teve tempo de ver e conhecer. Como também de reviver as suas lembranças d’outrora com os velhos amigos, contar as suas célebres anedotas com aquele largo sorriso ao som dumas belas mornas e ao sabor de uma boa cachupada.
Felicidades e muitos anos de vida para ti, Cise, a minha Diva dos pés nus.
Caboverdianamente,
Luiz Silva