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Foto Valdemar Pereira

 

On va la regretter. C'est sûr!!!

 

Esta é a reacção de uma Vereadora da Cultura quando soube da notícia da paragem da Cize.

 

Ao saber da notícia, com saudade, dei um balanço dos espectáculos que assisti nesta cidade e nos arredores e dos encómios que ouvia de cada um como se fosse da sua família. Família não mas, amigos. Conheci essa irmã de amigo e amiga, ela tinha apenas 8 anos e só a revi em Lisboa de onde partiria para encetar a sua brilhante carreira internacional.

 

Nestas paragens, num círculo de uns cem quilómetros de raio, desloquei-me (sempre com uma caravana de amigos) para assistir às suas actuações e fotografar esses admiradores que aproveitavam do conhecimento para a felicitar e eternizar o encontro.

 

De todos as actuações me lembro mas as que mais marcaram foram as da célebre Cidade du Mans, pelas suas "Corridas de 24 Horas", e no "Espace André Malraux" (Joué-lès-Tours) com mil e duzentos lugares, insuficientes para receber o dobro de pedidos de lugares que se esvaziaram seis meses antes da actuação, sem que tivessem colados os cartazes. Nessa vez e na "La Pleiade", Cesária podia encher uma segunda sala no dia seguinte se não houvesse outros compromissos.

 

Foto Valdemar Pereira

 

A primeira manifestação dos arredores foi na Abadia de Fontevreaux (1992 ?), a seguir foi em Março de 1993, em "La Pleiade", da cidade de "La Riche". Seguiu-se "Les Halles aux Grains", em Blois (9 de Novembro de 1993), no "Palais du Congrés du Mans" (8 de Março de 1997) e, finalmente, em Joué-lès-Tours, cidade limítrofe desta capital da Touraine, no citado "Espace André Malraux" com a sala a abarrotar e "rusgas" na rua esperando uma eventual desistência.

 

Um cronista disse no dia seguinte que "os espectadores que se deslocaram já a conheciam suficientemente por terem apreciado a Caboverdiana que se fazia acompanhar por 7 músicos. A Diva realizou, como já é hábito, um espectáculo muito sóbrio, sem espalhafates, num ambiente cheio de melancolia e tristeza como no fado português".

 

A cada vez os músicos da Cesária foram dirigidos por um Chefe diferente. E assim viu-se, e apreciou-se, Paulino Vieira, Bau, Chico Serra e Toi Vieira.

 

Foto Valdemar Pereira

 

Como disse a Vereadora, "vamos ter saudades da presença da Cize".

 

Que viva muitos anos com saúde para nosso deleite porque pára os espectáculos mas ainda dispára a sua voz.

 

Valdemar Pereira, Tours, França

 

 

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3 comentários

De Adriano Miranda Lima a 24.09.2011 às 23:05

Li com imenso agrado este texto que em boa hora nos trouxe o Valdemar. Mostra que o prestígio da nossa diva ultrapassou todas as fronteiras e foi efusivamente festejado e aplaudido nas mais diferentes  latitudes e culturas. Todo o cabo-verdiano tem de se sentir orgulhoso pela difusão  dada por esta  conterrânea à nossa música e implicitamente à  nossa poesia e à nossa cultura. Ninguém o poderia ter feito com mais autenticidade, mais naturalidade e mais desprendimento.
Tudo o que acaba deixa um nimbo de nostalgia, mas felizmente que o términus é apenas por motivo de saúde, pois só a morte significa uma ruptura definitiva. Estou convencido de que ela não vai deixar de espairecer num ou noutro evento musical em que, mesmo que não intervenha directamente, nos animará com a sua presença como retrato vivo de uma voz inigualável  na nossa história musical. Assim como a Amália Rodrigues é ímpar em Portugal, a Cize é ímpar em Cabo Verde.
Que saiba cuidar o mais possível da sua saúde.

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