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Magazine Cultural a divulgar Cabo Verde desde 2010
Brito-Semedo, 16 Out 11
Gastronomia Regional Portuguesa
Sabores Que O Tempo Não Apaga
Autor: Impala Brasil Editores
Editora: Impala
Ano de Edição: 2008
Esquecer!? Ninguém esquece…
Suspende fragmentos na câmara escura, que se revelam à luz da lembrança...
Senhor Alipio, sou bisneto do Adérito Sena, neto d...
Olá Brito Semedo. Também apresento m/condolências ...
Bom dia,Apraz-me realçar que li, atentamente, o te...
Feito este intróito, quero agora dizer que o português tem uma virtude em que poucos europeus lhe batem. É no domínio da culinária. Foi preciso eu viajar por vários países da Europa para reforçar essa convicção, tanto assim que o que eu mais ansiava, após uns dias de périplo, era regressar depressa à nossa boa comidinha, com o seu típico e gostoso tempero de azeite, cebola, alho e coentro. Afinal, também aqui os cabo-verdianos tiveram uma boa herança, não há dúvida.
Há uns anos, estando eu em S. Vicente, e em conversa partilhada com um amigo de um cunhado meu, provido de formação técnica em pesca e conservação de pescado (qualquer coisa assim), comentou, acerca do bacalhau, que só o português o utilizava seco, e isto porque era um povo atrasado em relação ao europeu do Norte, que o consumia sempre fresco porque mais cedo aprendeu a técnica da conservação a frio ou mais cedo teve acesso aos meios de conservação. Discordei em absoluto e fiz ver a esse amigo o grave equívoco em que incorria. Expliquei-lhe que só português teve a subtileza e a sensibilidade gustativa de descobrir e potenciar as propriedades especiais do bacalhau seco. O bacalhau fresco é, como se sabe, um peixe com um sabor absolutamente vulgar, insípido mesmo. Na sua versão seca, há propriedades organolépticas que se libertam e permitem um aproveitamento do peixe das formas mais variadas: Bacalhau cozido com todos, bacalhau a Gomes de Sá, bacalhau a Brás, bacalhau a Zé do Pipo, bacalhau a Lagareiro, bacalhau Podre, bacalhau com Broa, bacalhau Espiritual, bacalhau de punheta, bacalhau com natas, pataniscas de bacalhau, pastéis de bacalhau, etc. Enfim, estes são os nomes de que me lembro, mas há mais, muitos mais. E nenhuma destas receitas resultaria com bacalhau fresco. Só o português descobriu a diferença.