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Sabores Que o Tempo Não Apaga

Brito-Semedo, 16 Out 11

 
Entre o mar e a terra surge Portugal, um país com terras coloridas pela simpatia do seu povo que abre os braços com uma hospitalidade ímpar. Falar desse país é levar ao conhecimento de todos, as diversas regiões, jóias dessa coroa que dá tanto orgulho a seu povo, à mesa portuguesa, que nada falta. Assim, haja apetite, pois o patrimônio gastronómico é diversificado e enriquecido pela singularidade geográfica de um território recortado entre serras, planícies e um profundo mar azul. As sugestões do cardápio e dos vinhos apresentadas neste livro foram criteriosamente escolhidas para deslumbrar as exigências dos "melhores garfos". Os pratos típicos são generosos, ricos e variados, sempre com um inigualável sabor da História. Do norte ao Algarve, Portugal apresenta-se à mesa, em extenso rol de receitas tradicionais, com todos os temperos, paladares e aromas regionais. Verdadeiras tentações, que são heranças preciosas e o retrato fiel de uma gastronomia viva. (Fonte)

  

Gastronomia Regional Portuguesa

Sabores Que O Tempo Não Apaga

Autor: Impala Brasil Editores

Editora: Impala

Ano de Edição: 2008

 

 

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1 comentário

De Adriano Miranda Lima a 21.10.2011 às 22:54

Todos os povos têm as suas virtudes e os seus defeitos, e os portugueses não escapam a essa verdade. Muitos defeitos lhes são enumerados e apontados, um deles a escassa consciência colectiva, a indisciplina cívica e a incapacidade de planear o futuro, perdendo-se no improviso das circunstâncias. Mas é um povo hospitaleiro e que responde a um grito de solidariedade humana quando é necessário. É também um povo de semblante algo carrancudo por natureza, mas semblante que se desfaz, ou se refaz, bastando um simples toque para quebrar o gelo. Como, pela profissão que tive (militar de carreira), fui obrigado a viver horas amargas e difíceis (situações de guerra em Angola e em Moçambique), aprendi a conhecer o fundo da alma portuguesa, como aliás me competia por dever de ofício. E o que conheci fez-me ver que afinal de contas o cabo-verdiano é muito parecido com o português, embora um não sei quê de complexo de colonizado faça por rejeitar em absoluto qualquer herança ou pontos de identidade psicossomática.
Feito este intróito, quero agora dizer que o português tem uma virtude em que poucos europeus lhe batem. É no domínio da culinária. Foi preciso eu viajar por vários países da Europa para reforçar essa convicção, tanto assim que o que eu mais ansiava, após uns dias de périplo, era regressar depressa à nossa boa  comidinha, com o seu  típico e gostoso tempero de azeite, cebola, alho e coentro. Afinal, também aqui os cabo-verdianos tiveram uma boa herança, não há dúvida.
Há uns anos, estando eu em S. Vicente, e em conversa partilhada com um amigo de um cunhado meu, provido de formação técnica em pesca e conservação de pescado (qualquer coisa assim), comentou, acerca do bacalhau, que só o português o utilizava seco, e isto porque era um povo atrasado em relação ao europeu do Norte, que o consumia sempre fresco porque mais cedo aprendeu a técnica da conservação a frio ou mais cedo teve acesso aos meios de conservação. Discordei em absoluto e fiz ver a esse amigo o grave equívoco em que incorria. Expliquei-lhe que só português teve a subtileza e a sensibilidade gustativa de descobrir e potenciar as propriedades especiais do bacalhau seco. O bacalhau fresco é, como se sabe, um peixe com um sabor absolutamente vulgar, insípido mesmo. Na sua versão seca, há propriedades organolépticas que se libertam e permitem um aproveitamento do peixe das formas mais variadas: Bacalhau cozido com todos, bacalhau a Gomes de Sá, bacalhau a Brás, bacalhau a Zé do Pipo, bacalhau a Lagareiro, bacalhau Podre, bacalhau com Broa, bacalhau Espiritual, bacalhau de punheta, bacalhau com natas, pataniscas de bacalhau, pastéis de bacalhau, etc. Enfim, estes são os nomes de que me lembro, mas há mais, muitos mais. E nenhuma destas receitas resultaria com bacalhau fresco. Só o português descobriu a diferença.




 

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