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Magazine Cultural a divulgar Cabo Verde desde 2010
Brito-Semedo, 24 Mar 19
Comemora-se em Junho próximo os 170 anos de Guilherme da Cunha Dantas (Brava, 25.Junho.1849 – 24.Março.1888), aquele que foi o primeiro escritor cabo-verdianao e um dos fundadores da ficção cabo-verdiana, com Contos Singelos, editado em Mafra, Portugal, em 1867, quando tinha apenas dezoito anos de idade, e do primeiro jornal de Cabo Verde, "Independente" (Praia, 1877-1889).
Em jeito de homenagem, no dia em que se assinala os 130 anos da sua morte, o Esquina do Tempo reedita um post de 2016 com a reprodução de um texto de José Augusto Martins, a ele dedicado, publicado em 1891, no livro Madeira, Cabo Verde e Guiné (Lisboa).
"[...] Guilherme Dantas foi um desses exemplares raros nas sociedades de África: o talento mais original, mais excêntrico e menos capaz talvez de ser compreendido pelo meio em que viveu.
Sem uma educação regulamentada e sem se subordinar a preceito algum de escola, o seu engenho, escapando a todos os ditames e a todas as fórmulas, revelou-se sempre sob uma aparência inédita exclusiva e independente, até à irreverência, mas minucioso e amplo, como que poetizado pelas tristezas e pelos suplícios da sua existência acabrunhada.
O seu estilo mostra-se extraordinariamente dúctil e por assim dizer cansado, nessa ânsia desesperada de reduzir à língua gráfica de um esboço, as formas vagas do sentimento, das alucinações e das nevroses, que agitavam o seu coração de poeta.
Nos seus artigos, há como que o fervilhar de ironias candentes.
Nos seus versos revelam-se, a par da sensibilidade nostálgica de vencido, as irradiações fulgurantes de um talento genial.
Guilherme Dantas empunhando a lira, é comparável pela simplicidade e pela singeleza aos melhores poetas. Na prosa porém, apresenta-se ora lúgubre e compenetrado como no seu delicioso conto sobre a Brava, ora estapafúrdio, violento e intemerato, como nesses imorredouros artigos com que fulminou outrora tantos preconceitos, tantos ridículos e tantas ostentações, nas colunas do Independente.
Há versos dele, cheios de uma suavidade de idílio e de uma ternura de mulher; outros há exsudam uma tristeza verdadeiramente comovente; todos, sem distinção, são impregnados dessa espécie de melancolia que se não define e que parece envolver a vida dos que pressentem uma morte próxima.
Morreu aos 40 anos, ou para melhor dizer, suicidou-se lenta e premeditadamente fazendo-se embeber de veia em veia, de artéria em artéria até ao coração, pelo álcool, esse veneno tornado bálsamo pela cedência dos sofrimentos e pelas torturas do seu viver. E assim, quando se sentiu exânime e perdido de vigor, deixou-se resvalar para o túmulo, bebendo com o último alento o derradeiro trago... morrendo como vivera, inebriado pelo álcool e vitimado pelo desespero. [...]"
- José Augusto Martins
in Madeira, Cabo Verde e Guiné (Lisboa, 1891)
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