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Magazine Cultural a divulgar Cabo Verde desde 2010
Brito-Semedo, 5 Ago 13
O projecto de reabilitar e requalificar o edifício que em tempos idos albergou o Liceu Gil Eanes e, mais tarde, a Escola Preparatória Jorge Barbosa, está parado por causa de verba, mas também porque a Delegação do Ministério da Educação ainda não desocupou boa parte dos blocos mais antigos. Enquanto isto a Universidade de Cabo Verde, a quem o Estado de Cabo Verde doou a infra-estrutura a título definitivo, tenta mobilizar parceiros para restaurar esse património que cai aos pedaços.
A reabilitação da fachada e blocos do emblemático edifício, por onde já passaram personalidades de várias gerações, desde Amílcar Cabral a quadros que construíram o Estado de Cabo Verde, está orçado em 40 mil contos. A Universidade de Cabo Verde (Uni-CV) chegou a assinar com a empresa do arquitecto David Leite um contrato para iniciar a obra, mas, como só se conseguiu mobilizar cerca de seis mil contos, optou-se por recuperar algumas salas e outras partes do interior do edifício pois o dinheiro não dava para mais nada.
Por outro lado, garante o vice-reitor da Uni-CV, Manuel Brito-Semedo, a reabilitação do edifício só pode avançar quando a delegação do Ministério da Educação e Desporto (MED) em São Vicente desocupar o espaço. Na verdade, quase todos os serviços do MED estão ali instalados e arrancar com qualquer obra nessa altura poderia desembocar em graves constrangimentos às coordenações dos diferentes substratos do ensino primário e secundário.
Ciente desse problema, o MED espera concluir este ano lectivo, para depois fazer a mudança e entregar o edifício ao novo dono. “Estamos a ver a possibilidade de deixar o edifício antes do início do próximo ano lectivo”, informa o delegado do MED em São Vicente, Anildo Monteiro, para quem esse é assunto que está a ser tratado entre o seu ministério e do Ensino Superior.
Enquanto não há dinheiro e o MED por lá se mantém, esta emblemática casa do Mindelo mostra-se de cara descascada, o telhado cai aos pedaços e as fissuras fazem-se presentes. Não faltam pessoas que defendem uma manhã mais risonha para aquele marco da história e cultura cabo-verdianas, mas pouco se tem feito para “refundar” aquele que foi um dos centros de educação e cultura por excelência de Cabo Verde, para onde convergiam jovens de todas as ilhas.
Um grupo de ex-alunos do então Liceu Gil Eanes formaram uma associação que todos os anos se reúne para não só discutir o legado histórico da marcante escola, como o desenvolvimento económico, social e cultural de Cabo Verde. No entanto, a fachada do edifício é prova concreta de que faltam acções práticas para reabilitar essa mãe de muitos colos, antes que venha abaixo.
Em 2008, o Governo doou o espaço à Uni-CV que instalou no local os serviços da Reitoria e o Departamento de Ciências Sociais e Humanas. Três anos depois, projectou-se uma restauração que não avançou. Após isto, o ministro do Ensino Superior, Ciência e Inovação, António Correia e Silva, assegurava a existência de outro projecto para remodelar essa “casa” de escritores e poetas como Baltasar Lopes da Silva, António Aurélio Gonçalves, Teixeira de Sousa, Gabriel Mariano, João Manuel Varela, entre outras figuras cabo-verdianas.
Correia e Silva virou-se para a Cooperação Portuguesa, enquanto a Uni-CV tenta mobilizar a China para essa reabilitação que não se apresenta fácil, uma vez que “é preciso respeitar toda a sua trajectória e o seu valor simbólico na história da cidade do Mindelo e do país”, como dizia o ministro e historiador.
A verdade é que nem de um lado nem de outro os contactos ainda se transformaram em projectos com pernas para andar. E a Uni-CV terá de arranjar recursos próprios para essa reabilitação.
Fonte: A Nação
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