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Ilhas do Meio do Mundo.jpg

Em Saudação ao Poeta Oswaldo Osório pelo 79.º Aniversário

 

 

As Ilhas do Meio do Mundo (2016), o último livro de Oswaldo Osório, enquanto objecto cultural, é um livro muito bonito. A concepção e a execução da capa é a expressão de uma sintonia perfeita de comunicação entre o avô-poeta e o neto-designer, onde se conjuga o erotismo, a lenda e o mito das hespérides.

 

Mesmo correndo o risco de ser acusado de ousado ou exagerado na minha interpretação, dizendo mais do que diz ou dizendo mais intensamente o que não diz, considero que a capa é de um erotismo quente com gosto a maçã que, lá no fundo, evoca Eva, a mulher inicial, origem da feminilidade, expectante da vida, ou não seria a metáfora um recurso a que o poeta faz uso para exprimir as suas ideias.

 

Isso é evidente pela figura de uma meia maçã cortada longitudinalmente, que se faz presente, tendo à frente, encostado ou saindo da sua polpa ou caroço, um dragoeiro de onde parece ter brotado a seiva e o vermelho que se alastra e cobre a capa toda.

 

É bom não esquecer que o dragoeiro é uma árvore milenar originária da região biogeográfica atlântica da Macaronésia, nativa dos arquipélagos das Canárias, Madeira e Açores, ocorrendo localmente da costa africana vizinha e em Cabo Verde, onde existe quase exclusivamente na ilha de São Nicolau, sendo uma árvore característica da ilha, e na Brava.

 

A seiva do dragoeiro forma uma resina translucente, de cor vermelho sangue quando oxidada, denominada, sangue-de-drago ou de dragão e que, devido às suas propriedades curativas, é muito usado nas ilhas. A medicina tradicional não o dispensa nas suas mesinhas. O sangue-de-drago é usado, entre outras coisas, para dores pa corpo, tomado em aguardente. É tido como fortificante e há quem o considere afrodisíaco.

 

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Homenagem OO - 4.jpg

Legenda (esq. para dir.): Senhora de Osvaldo Custódio, o Poeta homenageado, Presidente da República, Presidente da Academia Cabo-verdiana de Letras e Professor Brito-Semedo

 

 

Coube-me a grande honra, que foi simultaneamente um enorme prazer, proferir o elogio do homenageado, o Poeta Oswaldo Osório, considerado um “caboverdiamadamente construtor da palavra”.

 

(Dis)corri sobre os nomes do homenageado – o atribuído e de registo civil e o pseudónimo poético adoptado, que acabou por se sobrepor ao nome verdadeiro – na relação com a sua obra literária. Assim, (i) Osvaldo Alcântara Custódio, Fadado para ser Poeta; (ii) Oswaldo Osório, Sailor em mares de papel; (iii) Oswaldo Osório, Poeta diferente entre os pares; (iv) Oswaldo Osório, Poeta da luz interior.

 

1. Osvaldo Alcântara, Fadado para ser Poeta

 

Mindelo, Nome atribuído e registado a 25 de Novembro de 1937.

 

Porque gostava da poesia de Osvaldo Alcântara, o pai, Joaquim Custódio, aluno de Baltasar Lopes (São Nicolau, 1907 – 1989), deu-lhe esse nome. O destino viria a pregar-lhe a ele, ao seu professor e ao filho uma grande surpresa. Longe estava o pai de saber que este viria a ser poeta e que lhe criara dessa sorte um problema, porque havendo já um poeta com tal nome, este seria levado a usar um pseudónimo.

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Jornalista e Poeta Eugénio Tavares

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