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Magazine Cultural a divulgar Cabo Verde desde 2010
Brito-Semedo, 22 Jun 21
Na ‘Carta para Manuel Bandeira’¹, o Poeta modernista cabo-verdiano Jorge Barbosa (Praia, 1902 – 1971), escreveu os seguintes versos para o Poeta brasileiro (Manuel Bandeira, 1886 – 1968) que não conhecia e de quem não tinha lido nenhum livro, apenas o poema ‘Estrela da Manhã’ e alguns outros:
Aqui onde estou, no outro lado do mesmo mar,
tu me preocupas, Manuel Bandeira,
meu irmão atlântico.
Eu faria por ti qualquer cousa impossível.
Depois voltaria tranquilamente para a minha ilha
no outro lado do Atlântico.
Seguindo o exemplo desse meu conterrâneo Jorge Barbosa, aqui da minha ilha atlântica, onde o Calane da Silva (Lourenço Marques, 1945 – 2021) e eu estivemos juntos pela última vez em 2018 e nos despedimos com um novo encontro marcado, dessa vez em Maputo, invoco com profunda estima o meu irmão índico.
*
Cheguei à grande cidade de Maputo em Março de 1992,deixando para trás a minha pequenina cidade da Praia, na ilha de Santiago.
Eram tempos difíceis, Moçambique estava a sair de uma guerra civil e a assinatura do Acordo de Paz, em Roma, era a esperança de um novo recomeço.
Maputo, a cidade das acácias rubras, com cerca de um milhão de habitantes, era para mim um deslumbramento: amplas avenidas, vivendas e prédios altos, espaços amplos, jardins enormes, cheiros e cores exóticos das frutas, das capolanas e das gentes. O espaço e o tempo eram para mim outros.
Já um pouco mais ambientado, saí de casa com um mapa decidido a percorrer o centro da cidade a pé. Ao fim da tarde, entrei na vivenda onde funcionava a Associação dos Escritores Moçambicanos. Fui conhecer os donos da casa e meti conversa com um pequeno grupo que se encontrava a uma mesa cavaqueando e tomando cerveja.
Calane da Silva chamou a minha atenção pois era o único a tomar chá. A foto do autor de Xicandarinha na Lenha do Mundo,na badana do livro, tinha-me feito pensar que era homem idoso. Contei isso ao Calane da Silva que deu uma estrondosa gargalhada e me contagiou. Foi assim a nossa apresentação.
A conversa, acompanhada de goles de chá preto, correu solta sobre escritores de Cabo Verde, seus conhecidos, e sobre as viagens que fizera às ilhas. E, coincidência das coincidências, Calane da Silva, depois de vários anos de jornalismo, voltara a estudar e frequentava o Instituto Superior Pedagógico de Maputo, o mesmo instituto onde eu ia fazer o complemento de licenciatura, vindo a ser meu colega de estudo e amigo de todas as horas!
*
Em 2015, Calane da Silva era Presidente do Conselho Científico do IILP – Instituto Internacional da Língua Portuguesa (2014-2018), quando veio a Cabo Verde. Eu tinha sido Director Executito do IILP indicado por Cabo Verde para o biénio 2004-2006. Calane da Silva logo me procurou para um abraço, matar as saudades e colocar a conversa em dia. Curiosamente, era Directora Executiva do Instituto, a Doutora Marisa Mendonça, uma das nossas antigas professoras no Instituto Superior de Educação em Maputo.
Desse reencontro, guardo como memória a dedicatória deixada no meu primeiro livro, escrito em Maputo e publicado pela Ilhéu Editora (Cabo Verde) em 1995:
Caro irmão e grande amigo Manuel
Vinte anos depois e agora na tua casa, na Praia, te abraço com palavras de muita admiração pessoal e intelectual e recordo esta obra que li em primeira mão e fiz o prefácio2.
(Ass) Calane da Silva, Praia, 12.02.2015
*
Eu quero a estrela da manhã
Onde está a estrela da manhã?
Meus amigos meus inimigos
Procurem a estrela da manhã
Ela desapareceu ia nua
Desapareceu com quem?
Procurem por toda parte
Digam que eu sou um homem sem orgulho
Um homem que aceita tudo
Que me importa?
Eu quero a estrela da manhã
Te esperarei com mafuás novenas cavalhadas comerei terra e direi
[coisas de uma ternura tão simples
Que tu desfalecerá
Procurem por toda parte
Pura ou degradada até a última baixeza
Eu quero a estrela da manhã.
Saudades do Calane da Silva, Meu Irmão Índico.
– Manuel Brito-Semedo
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