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Brito-Semedo, 24 Jun 15
A festa de S. João Baptista, ou do "colá San Jon", celebrada a 24 de Junho e integrada nas Festas Juninas, é uma das principais festas populares nas ilhas de Barlavento – Santo Antão, S. Vicente, S. Nicolau e Boa Vista – e na Brava. Nas ilhas de barlavento, a festa tem as mesmas características. Na Brava, a festa já possui características distintas e originais, pelo que também será aqui descrita de forma comparativa.
Em S. Vicente a festa decorre na Ribeira de Julião, localidade que dista poucos quilómetros da cidade do Mindelo. Mesquitela Lima (1992) descreve-a como uma espécie de romaria onde há de tudo: missa, comeres, beberes e dança, acompanhada de tambores e de apitos. A dança é a umbigada (movimento ritmado em que os pares chocam os umbigos), denominada colá San Jon, sobretudo praticada entre mulheres mas também entre homem e mulher. Os tambores, cuja forma são de origem portuguesa, são tocados com baguetes, produzindo um ritmo sincopado nitidamente africano. Tambores e apitos dirigem as dançarinas, que aceleram as umbigadas consoante o toque.
Um navio à vela é outro elemento castiço da festa. Construído numa escala reduzida, com uma grande abertura no centro, permite a um homem entrar nele e segurar o navio com as duas mãos por intermédio de correias estrategicamente colocadas para que fique à altura da cintura. Este homem, chamado capitão e usando um boné, por vezes a farda completa, de oficial da marinha, maneja o navio em consonância com os apitos e tambores, praticando bolina, bordejando, vento em popa, tal como se estivesse no mar.
É igualmente sacramental toda a gente usar colares de pipocas ("milho aliado") que se vende no local, sinal de que esteve presente na festa, ou seja, que era romeiro (Mesquitela Lima, op. cit.).
A anteceder o dia de S. João Baptista, coincidindo com a festa pagã do solstício de Junho, há o tradicional saltar da fogueira (as “lumenaras”), eventualmente recordando o imemorial culto do fogo, e os fogos de artifício, prática também em Portugal associada à celebração do dia do Santo, na noite de véspera.
Foto de M. E. Catela, Mindelo, Junho, 2010
O Nhô San Djôm (“Senhor S. João”) da ilha Brava, não possui a umbigada característica das ilhas de barlavento. As coladeiras fazem os balanceios do "colá San Jôm", mas apenas colam, isto é, cantam ao desafio numa espécie, às vezes, de louvor e outras, fazendo lembrar a curcutiçan da ilha do Fogo, tipificada pela cantadeira Ana Procópio.
Os tambores executam toques semelhantes aos das outras ilhas, mas não com a mesma pureza do repicar, ou melhor, das "esporadas". Diferentemente das outras ilhas, na ilha Brava o cavalo dança ao som do tambor enquanto o dono leva a bandeira com a imagem de S. João (Rodrigues, 1997).
– Brito-Semedo, in A Construção da Identidade Nacional – Análise da Imprensa Entre 1877 e 1975, Praia, 2006.
Esquecer!? Ninguém esquece…
Suspende fragmentos na câmara escura, que se revelam à luz da lembrança...
Um belíssimo texto este da senhora Sónia Jardim. T...
Interessante que isto me lembra um estória de quel...
Muito obrigado, m descobri hoje e m aprende txeu!!...
Mutio obrigada
Romina Carneiro