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A escrita de Dina Salústio, é sempre uma escrita com um jeito especial de olhar-reflectir-contar.

 

É isso que encanta e cativa nelas, e aí falo da criadora e da obra: a capacidade de captar a essência do quotidiano e no-la apresentar de forma despretenciosa, embora consistente.

 

Li a primeira crónica, “Uma menina de cristal”, que dá nome ao livro e, de imediato, pensei: como eu queria ter essa delicada acuidade e poder transmiti-la assim, numa escrita com “palavras curtas e leves” e, ao mesmo tempo, hábil e profunda, que instiga o sentir!

 

Dina é mestra em usar esse dom, com o qual foi agraciada com generosas doses.

 

As outras crónicas, têm o mesmo vigor: algumas, escritas sob o signo da Covid-19, num tempo de angústia e de introspecção, escoam lentamente qual areia na ampulheta, como em “Lentidão é Beleza”, Vinte e Cinco de Abril, Sempre”, “Os Beijos no Tempo da Covid-19”, “O Que faz uma Idosa na rua?”, “Para onde foram os Pássaros?”, “Estou nas suas Mãos”, “Vamos Sobreviver”, por exemplo; outras, são de viagem e memória, “Nós Éramos Todos Cesária”, “África, há mais Futuro para lá da Ajuda”, “Somos As Nossas Memórias”, “Se o meu País não se chamasse Cabo Verde seu nome seria Resistência”, por exemplo; outras, são de celebração e de homenagem, “Uma Mulher Única”, “Sou uma Menina do Sudão”, por exemplo; outras, são leves, “A cotovia do Ilhéu Raso”, “Devolvam-me a praia da minha infância”, “Os Loucos da Minha Cidade”, “Plantei uma Árvore, tenho um Filho e Escrevi um Livro. Sou uma Pessoa Realizada… a sério?”, “Vulcão… O Fogo dorme”, “Las Estrellas Sollo Brillam Cuando El Cielo Está Oscuro”, “Uma Avenida Frustrada”, por exemplo; outras, ainda, mais densas, representadas em  “Uma menina de cristal”, “Livros e Ecos”, “Dia de Raiva”, “Falar de Amor sem truques”, “Catorze de Fevereiro, Dia dos Namorados”, “Palavras de Silêncio”, por exemplo; outras ainda são de fino humor, “Faidei! Faidei!”, por exemplo.

 

A mulher, cabo-verdiana e africana, compõe a tessitura destes textos que falam da percepção e dos sentires da autora e dão vez e visibilidade a muitas outras vozes obscurecidas.

 

A imagem que me ocorre, é de Dina Salústio como se num tear estivesse, tecendo, com preciosismo, os fios de palavras que deram forma e trouxeram à luz, para nosso deleite, a Uma Menina de Cristal.

 

Manuel Brito-Semedo

 

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