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Magazine Cultural a divulgar Cabo Verde desde 2010
Brito-Semedo, 28 Fev 25
O sector cultural e editorial de Cabo Verde tem sido um dos mais vibrantes reflexos da identidade nacional, pulsando ao ritmo das suas ilhas, das suas gentes e da sua criatividade inesgotável. No Programa de Governo 2021-2026, proclama-se um compromisso audaz: impulsionar as indústrias criativas, modernizar infraestruturas e expandir as oportunidades para os protagonistas do sector. Mas as boas intenções tropeçam em desafios estruturais, numa realidade onde a falta de financiamento e a ausência de estratégias coerentes frequentemente transformam promessas em ecos distantes. Sem um investimento robusto e uma visão articulada, as iniciativas culturais correm o risco de se dissipar como areia ao vento.
Arte & Palavra
A BA Cultura, os Editais de Fomento às Artes e a Academia de Artes Cesária Évora são exemplos de esforços para dinamizar a criação artística, da pintura ao teatro, da moda à música. O Plano Estratégico de Educação Patrimonial surge como um farol na preservação da história e do legado cabo-verdiano. O Plano Nacional de Leitura promove a literacia e democratiza o acesso ao livro, procurando cultivar o pensamento crítico. Contudo, sem um ecossistema sustentável de produção editorial e bibliotecas bem equipadas, a leitura corre o risco de se tornar privilégio de poucos. A necessidade de incentivos à publicação de novos talentos, o fortalecimento das pequenas editoras e a disseminação de feiras do livro em diferentes pontos do arquipélago são medidas que poderiam ampliar o alcance e o impacto das iniciativas literárias.
Obstáculos Reais
A ausência de um plano estratégico para a renovação de acervos e a precariedade da distribuição de livros dificultam a circulação do conhecimento. A Biblioteca Nacional, embora reedite clássicos, fá-lo em tiragens reduzidas, incapazes de suprir a demanda. O Governo propõe reforçar incentivos, mas sem mecanismos claros para garantir que o sector editorial floresça de forma auto-suficiente. Enquanto isso, editoras privadas como a Rosa de Porcelana Editora e a Pedro Cardoso Livraria demonstram que há um potencial latente, esperando apenas políticas eficazes para desabrochar. A irregularidade de eventos literários como o festival Morabeza, que privilegia autores estrangeiros, reflecte uma necessidade urgente: investir verdadeiramente nos escritores cabo-verdianos. Sem um plano estruturado de valorização da produção literária nacional, os autores enfrentam dificuldades para publicar e divulgar as suas obras, levando a uma produção dispersa e pouco reconhecida além-fronteiras.
Espaços & Saber
Sem espaços culturais vibrantes, a arte e o saber perdem-se em promessas. O Governo garante investimentos no Arquivo Histórico Nacional, na digitalização de acervos e na expansão da rede de museus, mas como garantir que estas iniciativas sejam sustentáveis e não apenas medidas avulsas? A modernização de bibliotecas e a criação de espaços para espetáculos são fundamentais, mas persistem dúvidas sobre a viabilidade orçamental. Valorizar a língua crioula e produzir materiais pedagógicos adaptados são objectivos nobres, mas sem um plano educativo concreto, podem tornar-se apenas símbolos sem substância. Além disso, a descentralização cultural é fundamental: muitas das actividades culturais concentram-se na capital, deixando outras ilhas e localidades com menor acesso a eventos, exposições e formação artística. Para um verdadeiro desenvolvimento inclusivo, é essencial fortalecer a infraestrutura cultural em todo o país.
Apoio & Futuro
A cultura não pode sobreviver de eventos isolados e financiamento errático. O Fundo Nacional de Incentivo à Cultura promete estabilidade, mas falta clareza sobre os critérios de distribuição de recursos, levantando receios sobre equidade e transparência. As parcerias público-privadas e incentivos fiscais podem ajudar a criar uma rede de suporte mais robusta, mas sem um sistema de monitorização rigoroso, os riscos de perpetuar desigualdades e ineficiências permanecem elevados. A cultura precisa de um plano sólido, não de paliativos temporários. Para além disso, urge reforçar a formação de profissionais da área cultural, dotando-os de ferramentas para gerir e desenvolver projectos de forma sustentável. Criar oportunidades para que os jovens talentos permaneçam no país e contribuam para a sua identidade artística é uma das grandes lacunas que ainda precisam ser preenchidas.
Cultura em Movimento
Para que a cultura e a leitura prosperem em Cabo Verde, é necessário mais do que discursos bem elaborados: é preciso acção concreta, estruturada e monitorizada. O Governo fala em internacionalização da cultura cabo-verdiana e na sua afirmação na CPLP e CEDEAO, mas sem estratégias bem definidas, estas ambições podem não passar de devaneios políticos. Só através de políticas sólidas e parcerias estratégicas eficazes será possível transformar a cultura num verdadeiro motor de desenvolvimento e identidade. Caso contrário, as promessas permanecerão apenas como palavras bonitas, incapazes de escrever um futuro cultural vibrante e inclusivo para Cabo Verde. O sector cultural precisa de incentivos contínuos, não apenas para preservar o passado, mas para garantir a criação de novas expressões artísticas, inovadoras e competitivas a nível internacional. Somente com um compromisso real e contínuo será possível transformar a cultura numa força motriz para o progresso do país.
– Manuel Brito-Semedo
Esquecer!? Ninguém esquece…
Suspende fragmentos na câmara escura, que se revelam à luz da lembrança...
Senhor Alipio, sou bisneto do Adérito Sena, neto d...
Olá Brito Semedo. Também apresento m/condolências ...
Bom dia,Apraz-me realçar que li, atentamente, o te...