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Ilhas que Partem, Ilhas que Ficam

Brito-Semedo, 20 Out 25

 

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Metade das ilhas ficou, metade partiu – e entre ambas se construiu a Nação.

 

Cabo Verde nasceu do encontro entre povos e da travessia dos mares. É uma Nação feita de ilhas que partem e de ilhas que ficam, de gentes que emigraram em busca de vida melhor e de gentes que permaneceram a cuidar da terra e da memória. Essa dupla condição, arquipelágica e diaspórica, continua a definir o destino colectivo do país.

 

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Apresentada no Congresso dos Quadros Internacionais de Cabo Verde, a conferência “Ilhas que Partem, Ilhas que Ficam” propôs uma leitura do país a partir da sua realidade repartida, mas unida pela cultura, pela língua e pelos afectos.

 

Evocando o Dia Nacional da Cultura e das Comunidades e a figura de Eugénio Tavares, poeta maior da cabo-verdianidade, sublinhou-se que a morna, hoje Património Imaterial da Humanidade, é mais do que expressão musical: é bandeira e pertença. Da cultura à cidadania, a conferência destacou o papel da língua, da literatura e da música como forças de coesão e de resistência.

 

No plano social e económico, recordou-se que as remessas da diáspora ultrapassam os 30 mil milhões de escudos anuais, garantindo sustento a famílias, dinamizando o comércio e alimentando o investimento. Mas o contributo das comunidades espalhadas pelo mundo vai muito além das cifras: transportam saber, ciência, arte e prestígio, mantendo viva a ligação entre as ilhas e o mundo.

 

A educação e a cultura foram apontadas como as grandes infra-estruturas da cidadania e da coesão nacional. Reforçar a ligação entre as ilhas e as comunidades emigradas, aproveitar o capital humano e simbólico da Nação dispersa e criar redes de cooperação são desafios urgentes para o futuro.

 

Cuidar, ligar, incluir e aprender – quatro verbos simples que sintetizam o compromisso comum: cuidar do território e das pessoas; ligar ilhas e comunidades; incluir quem ficou à margem; aprender com o passado para reinventar o futuro.

 

Celebrar cinquenta anos de independência é honrar a memória, mas também transformá-la em acção cívica e em novo começo.

 

O desafio é fazer do cinquentenário um ponto de partida para uma Nação mais unida, participada e consciente da sua força global.

 

Porque Cabo Verde será sempre mais vasto do que o seu mapa: ilhas que partem e ilhas que ficam, mas sempre uma só Nação.

 

 

 

Manuel Brito-Semedo

 

 

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