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'Mudánça', de Ovídio Martins

Brito-Semedo, 3 Abr 15

 

Laginha.jpeg

Mindelo, Praia da Laginha, Foto MonteCara Soncent, no FaceBook

 

 

MUDANÇA

 

C’ bocês

Sempre c’ bocês

nesse luta de tude dia

nesse sperança de tude hora

rise verde e fartura

midje tchuva e sabura

 

C’ bocês

nesse terra de silencie

nesse tochore sem pecóde

trabói suor e trabói

riqueza de terra ê pa quem?

 

C’ bocês

sempre c’ bocês

sol quente na cabeça

tchuva de riba de corpe

nôs dstine ê sô um:

vra nôs terra note terra

 

– Ovídio Martins

 

in Não Vou para Pasárgada, 1998

 

Ovídeo.jpeg

 

Ovídio de Sousa Martins

 

(S. Vicente, 17 de Setembro de 1928 – 29 de Abril de 1999)

 

  

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11 comentários

De Adriano Miranda Lima a 19.09.2011 às 21:27


"Nunca o Ovídio fez caso desta expressão «Não Vou para à Pasargade», preferindo mesmo dizer que foi uma brincadeira de café com o Vário a respeito da sua nova poesia."
 
Luiz, amigo, foram estas tuas palavras acima transcritas que suscitaram a interpelação contida no meu  comentário, face à dúvida que me surgiu. Não foi qualquer falta de esclarecimento a respeito mitologia poética da Pasárgada, sobre  qual  acabaste por  discorrer, e bem,  em novo comentário, relembrando a polémica que envolveu os escritores mencionados. De resto, são sempre  bem vindas estas tuas  intervenções, dado que nem toda a gente anda familiarizada com as coisas da literatura, sobretudo nestes tempos em que que sobra pouco tempo para a leitura. As tuas palavras, aqui como noutros espaços de intervenção, têm o valor de muita leitura lida e de muita experiência pessoal vivida.
Todavia, perdoar-me-ás se te disser que não me esclareceste  sobre a dúvida pontual subjacente àquela tua afirmação, devendo eu, no entanto,  encerrar o assunto e concluir,  com as tuas úteis explicações, que não passou de um fait divers o desabafo extemporâneo do Ovídio Martins  em sua conversa de Café com o Vário. Depreende-se, pois, que o que se tem de relevar é a intencionalidade da  poética de Ovídio no que concerne ao evasionismo associado ao mito da Pasárgada, ao inverter o seu sentido mensagístico.
Um grande abraço.

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