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Magazine Cultural a divulgar Cabo Verde desde 2010
Brito-Semedo, 15 Mar 14
Foto gentilmente cedida pela filha Judith Wahnon (USA). Despedida no Cais Acostável, Mindelo, finais de 1965
Legenda (Esquerda para a direita) – João Cleófas Martins, Ildo Feijóo, Carlos Rocheteau, Carlos Pinto Wahnon, Manuel Rodrigues, Sérgio Frusoni, Manuel Serra, Baltasar Lopes da Silva e Jonas Wahnon (à frente).
Jonas Wahnon
(S. Vicente, 28 de Setembro de 1903 – 15 de Dezembro de 1993)
Comerciante, industrial e desportista. Fez parte do primeiro grupo de alunos do Liceu de Cabo Verde inaugurado em 1917 mas não pode concluir os seus estudos e, aos quinze anos de idade, começou a trabalhar numa firma comercial na então Guiné Portuguesa, mas regressou à sua ilha natal onde, ao longo da sua vida, foi vogal da Junta Autónoma dos Portos, vereador da Câmara Municipal de S. Vicente, membro do Conselho do Governo, foi eleito Presidente do Clube Desportivo Mindelense, do antigo Clube Imperial e declinou um convite para ser Presidente da Associação Comercial.
No comércio, notabilizou-se como gerente de várias casas comerciais como a sucursal da Firma Salomão Benoliel, da Carlos Vasconcelos L.da, etc. Fundou a firma “Jonas Wahnon & Vera-Cruz, L.da” tendo como sócio Aguinaldo Vera-Cruz e foi dono da Fábrica Sport (produtos alimentícios que produzia as bolachas barões/barón) que vendeu ao comerciante Celso Leão quando decidiu deixar Cabo Verde. No desporto, para além de dirigente de associações desportivas foi um praticante do ténis, cricket e atletismo e foi co-fundador do Clube de Ténis Mindelo. Foi também cônsul honorário do Panamá em S. Vicente.
Também teve uma marcante intervenção na cultura e na política local e, na década de trinta, foi, juntamente com Manuel Velosa e João Lopes, um dos apoiantes do grupo literário Claridade e foi o inspirador das manifestações de 1934 contra a fome, onde sobressairia a figura de “Nhô Ambróse”, figura que seria imortalizada pelo poeta Gabriel Mariano como Capitão Ambrósio.
Emigrou para o Brasil em 1965 a fim de juntar-se aos filhos e com a ida destes para os Estados Unidos segue também para este país em 1976, onde viria a falecer mais tarde. Em 1994, em reconhecimento à sua dedicação e altruísmo, a Câmara Municipal de S. Vicente decidiu atribuir o seu nome a uma rua do Mindelo.
– João Manuel Nobre de Oliveira, Historiador, Macau, in valda's Fotolog Page
É para mim muito importante ver aqui a imagem e breves dados biográficos sobre o Senhor Jonas Wahnon, um cabo-verdiano dos sete costados, presente em todas as horas críticas do destino da nossa terra.
O que sei deste Senhor é por via indirecta, porque foram muito poucas as vezes em que, sequer, o pude ver em pessoa. Numa, foi no trajecto entre a minha casa em Fonte Cónego e a escola que ficava na Chã do Cemitério, e que passei a frequentar a partir da 3ª classe, tendo como professora a dona Fernanda, filha do senhor Pedro Cláudio. Se a memória não me falha, o Senhor Jonas estava a sair da sua casa, porque o meu trajecto roçava uma área murada contígua ao clube Castilho, tendo a sua moradia a poucos metros.
Em Portugal, já tive ocasião de conversar uma ou outra vez com o Aguinaldo Wahnon, seu filho. E na nossa conversa veio a talhe de foice relembrar aquela excelente bolacha que se chamava Barão e era produto da sua fábrica. Quando, após 40 anos de ausência, regressei a Cabo Verde, levava na minha agenda de matar saudades voltar a saborear aquela bolacha. Mas, estupefacto, informaram-me de que já não se fabricava. Nem ela, nem o pão de milho em forma de losango de arestas arredondadas, nem o pão de trança, nem o bolo de mel de cana. O que predomina e parece concitar o interesse do mercado é o pão branquinho, de farinha refinada, portanto sem valor alimentar, de formato comprido. Disseram-me: Ah, é o pão francês, que é muito bom. Nem quis acreditar. E foi então que senti umas fundas saudades do Senhor Jonas Wahnon e do Senhor Manuel Matos, industriais que sabiam verdadeiramente o que era o pão de qualidade.
Mantenhas para toda a família do Senhor Jonas Wahnon.
Adriano Lima
Fui conduzido pelo entusiasmo a visitar “Esquina das estórias” que revive um lindo passado de “Chã de Cemitério” onde eu ia todos os dias aprender as primeiras lições no banco da sua escola. O meu professor chamava-se Carvalho, gostava de se vestir fato de linho e tinha um braço amputado. Fez-me relembrar o largo de “Caboda” onde se alugava bicicletas, Sr. Afonso, Fábrica favorita, Padaria de Jonas, enfim… tudo digno de ser relembrado pós-anos consumidos na “terra longe”. Fez-me reviver também, os momentos de pánico aquando do dilúvio que assolou S. Vicente. Era criança quando isso aconteceu durante o período escolar. Fui à casa no “cacotche” porque não conseguia atravessar a Salina dada a inundação. Fez-me lembrar ainda, a esquina da minha casa no Alto mira-mar, iluminada por uma luz pálida, onde a malta daquela zona ia contar as façanhas de “sport e bandide” do filme que tinham acabado de ver no quintal/cinema de Tuta. Esquinas trazem muitas boas recordações, principalmente as da nossa terra – esquina de notícias; de espera, de “gatchada”, de encontros; de contos e de mil e uma coisa.
Esquecer!? Ninguém esquece…
Suspende fragmentos na câmara escura, que se revelam à luz da lembrança...
Um belíssimo texto este da senhora Sónia Jardim. T...
Interessante que isto me lembra um estória de quel...
Muito obrigado, m descobri hoje e m aprende txeu!!...
Esta é uma das melhores oportunidades que temos em recordar nossa terra e nossa gente.
Obrigado, Manel de Xanda.