Esquina do Tempo

Como resultado, surgiu na Ribeira Bote uma zona de regadio, que terá durado cerca de um ano, dando origem a boas colheitas, passando o povo a chamar ao local Ribeira de Paul, por semelhança ao vale fértil de nordeste de Santo Antão com o mesmo nome.

É por essa altura que B.Léza compõe a morna “Ribera di Paul”:

RIBERA DI PAUL

Oi vamos embora para Ribera di Paul

Pá nô bá oiá quel virdim que Deus mandá

Pá nô bá oiá povo que mon na tchom

Ta fazê midjo ma fidjom

Ribera di Paul ê um paraíso

Sala de visita de Mindelo

Sala de visita, de entrevista (bis)

Oi di branco ma preto.

A música foi gravada por Djosinha em 1967 no LP "Djosinha", Edição Casa Silva.

Regista-se, a propósito, uma outra morna, "Paul" (Santo Antão), também de autoria de B.Léza:

PAUL

Paul, jardim florido

Di águas cantantes na bananeira

Paul, pomar lendário

Rincão querido

Berço di Januário

Ó terra di criôlas facera

Ó Paul di nha coração

Dixá-m ninabo nês morna azul

Paul, Paul

Na cordas di nha violão

Paul di tardes amena

Di sol doirado na laranjal

Paul, sintra morena

Canter ideal

De mil perfume.

Enfim, um pouco da história cultural de uma ilha-arquipélago que nasceu cosmopolita.

NOTA:  Este é o post número 2.150

– Manuel Brito-Semedo