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Marinheiro Simão Salvador

Brito-Semedo, 29 Mar 14

 

Simão Salvador.png

Foto de Simão Salvador levada para a Inglaterra (IHGB). Pesquisa de Artur Mendes

 

 

Reedito este post com interesse renovado por terem surgido novas informações, nomeadamente, a foto e o retrato do intrépido marinheiro Simão, fornecidos, respectivamente, pelo amigo e colaborador Artur Mendes e a historiadora brasileira Fátima Jussara, formada pela USP/Brasil, que está a pesquisar a pintura "Retrato do intrépido marinheiro Simão" do Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro. 

 

Na plêiade dos filhos ilustres de Cabo Verde figura o indómito lobo do mar Simão Manuel Alves Juliano, natural da Penha de França, da ilha de Santo Antão (1824 - 1856), filho de Manuel Alves Juliano e de Ana dos Santos Pedrinho que, em obediência ao natural impulso de todo o insulano, depressa mostrou desejos de evasão e bem cedo deixou a sua terra natal.  

 

Seu rumo? As terras de Santa Cruz, filhas de Portugal, irmãs gémeas das nossas.  

 

Um ano após a sua chegada ao Brasil, eis o nosso Simão feito marinheiro a bordo do vapor «Pernambucana» que, no trágico dia 8 de Outubro de 1853, numa das suas viagens do Rio Grande do Sul para o Rio de Janeiro naufragou próximo do Cabo de Santa Marta.  

 

Toda a esperança de salvação se havia perdido. O quadro que se oferecia a bordo era desolador. No vapor não havia os socorros precisos e de terra não podiam ser enviados. As ondas encapeladas envolviam o navio e a cada nova golfada do mar mais uma vida era perdida. As dezenas de passageiros que se agarravam uns aos outros sobre a coberta imploravam a salvação, mas inutilmente, porque a morte vinha rápida surpreendê-los, sem que os auxílios de terra pudessem ser prestados. Logo que o navio encalhara, um homem mais arrojado que todos os outros conseguiu salvar-se a nado. Esse homem era o Simão Juliano.

 

Simão Salvador.jpeg

Retrato do intrépido marinheiro Simão, carvoeiro do vapor Pernambucana, cerca 1853. Óleo sobre tela, 93 x 72,6 cm, sem assinatura, transferência, Academia Imperial de Belas Artes, 1890. Autoria de José Correia de Lima

 

Coração aberto a todos os sentimentos bons e nobres, espírito altamente humanitário, não lhe sofreu o ânimo o ver aquelas pobres vitimas entregues à voragem das ondas encapeladas e desprezando a vida que havia já salvo, lançou-se outra vez à água e nadou para o navio. O espaço que tinha a percorrer media talvez 100 metros e o intrépido marinheiro venceu esta distância à força de coragem e de energia e voltou à praia salvando um dos passageiros. O herói não deu a missão por finda. Depois desta vítima salvou outra, outra e outra. Dez vezes se lançou ao mar e dez vezes conseguiu, auxiliado por Deus que o animava, voltar à praia trazendo sempre agarrado um dos pobres náufragos que só encontrava aquele esforço salvador. As forças estavam exaustas. O corpo cedeu à fadiga e o valente marinheiro, prostrado e abatido, caiu por terra. A bordo do navio ainda restavam alguns desgraçados para quem a última esperança se perdia de todo. Na praia, havia uma pobre mulher que chorava, lembrando-se de dois estremecidos filhos que ainda estavam a bordo. Deus inspirou-a e ela dirigiu-se a Simão com os olhos arrasados de lágrimas e a voz embargada pelos soluços e apontou-lhe o navio. O valente atleta que lutara já duas vezes com o oceano enfurecido, lembra-se da pátria, dos seus, e de sua mãe e rolando-se pela areia para dar calor aos membros enregelados e entorpecidos levantou-se e investiu com as ondas. Todos os espectadores estremeceram percebendo todos que a  luta ia ser desesperada, mas momentos depois o arrojado preto voltava trazendo mais uma criatura salva daquela hecatombe.  

 

Não era bastante ainda!  

 

A desventurada tinha outro filho que era preciso salvar e o valente Simão lá voltou ao navio e pouco depois aparecia na praia entregando aos carinhos da mãe a segunda criança!

 

Já nada parecia restar a bordo. Os outros tripulantes e passageiros tinham sido devorados pelo oceano revolto. O navio, meio despedaçado, sossobrava sempre e estava prestes a afundar-se. De súbito, ouve-se um grito aflitivo. Era dado por um pobre cego que ainda existia a bordo e de quem todos se haviam esquecido. O preto Simão olhou ainda outra vez para o mar, escutou os gritos de angústia que se soltavam em torno dele e precipitou-se no meio das ondas, cercado desta auréola divina, que circunda os mártires de uma causa santa e boa. Deus ia com ele e animava-o e Simão voltou são e salvo, trazendo também salvo o pobre cego. Ainda os dois não tinham chegado à praia e já o navio desaparecera de todo. Perto de cem pessoas haviam perecido nessa imensa catástrofe e as treze que tinham escapado deviam a existência ao nosso herói! É impossível contar o que se passou na praia. Simão não era um homem, não era um herói, era um "semi-Deus", e todos se lhe rojavam aos pés beijando-lhos reconhecidos.  

 

O intrépido e denodado Simão Salvador, como desde então passou a chamar-se, à sua chegada ao Rio de Janeiro, onde já era conhecido o seu feito heróico; foi acolhido com ruidosas manifestações de admiração e simpatia. Profundamente emocionado, com os olhos rasos de lágrimas, o bravo Simão mal pode esboçar uma palavra de agradecimento a tanta demonstração de apreço, que lhe era tributada, por onde passava.  

 

Conhecedor do acto de bravura do Simão Sua Majestade o Imperador do Brasil, dignou-se chamá-lo à sua real presença e tratou-o com todas as honras e deferências, conferindo-lhe uma medalha de ouro, (como venera de qualquer ordem do Seu Império) que tem no anverso a sua Imperial Efígie e no reverso o dístico - "Ama ao próximo como a ti mesmo" (Alvará de 9 de Dezembro de 1853).  

 

Das próprias mãos de Sua Majestade o Imperador, recebeu Simão Salvador a medalha. Ao impô-la no peito do valoroso marinheiro o Imperador abraçou-o, enaltecendo as virtudes do homenageado.  

 

As forças vivas da Capital brasileira mandaram erigir um busto na Praça do Comércio e ainda no louvável intento de obter uma contribuição directa do povo, como galardão do inexcedível feito praticado pelo Simão, foi imediatamente aberta, a seu favor, uma subscrição pública que, num  curto espaço de tempo, atingiu a avultada cifra de oito contos de reis, os quais foram postos a juro, para serem recebidos pelo mesmo Simão, no fim de dez anos, reservando-se ao mesmo, no entanto, o rendimento desse tão significativo apelo público.  

 

Não poderia ser indiferente ao Governo Português os relevantes serviços prestados por Simão Salvador e, assim, por Decreto de 14 de Dezembro de 1853 Sua Majestade El-Rei, em «atenção ao acto de heroismo e filantropia que praticara com grande risco da própria vida e em testemunho público do grande apreço em que tem tão relevante serviço prestado ã humanidade» o premiou, fazendo-lhe mercê de uma medalha de ouro, mandada  executar especialmente, a qual contem à frente a efígie de Sua Majestade D. Maria II e no reverso ao centro, entre duas palmas — Ao MÉRITO — FILANTROPIA — GENEROSIDADE e em volta AO SÚBDITO PORTUGUES SIMÃO 7 de Outubro de 1853.  

 

Mas não ficaram por aí as inequívocas provas de reconhecimento pelo heroísmo, abnegação e filantropia do valoroso Marinheiro. Também movido pelo mesmo desejo de agraciar «o distinto, louvável, humano e intrépido comportamento do marinheiro Simão, que por seus extraordinários e quási incríveis esforços salvou das vascas da morte 13 pessoas», a Real Sociedade Humanitária do Porto concedeu-lhe a medalha de ouro de 1ª classe que lhe foi entregue na sessão solene pública de 15 de Abril de 1854.  

 

O já consagrado amor do caboverdeano pelo seu torrão natal não devia deixar de também manifestar-se em Simão Salvador e, assim, quis o mesmo, antes de ir à invicta cidade receber as homenagens que ali lhe pretendiam tributar, vir abraçar os seus velhos e queridos pais.

 

Ao fechar então o ciclo das homenagens os conterrâneos de Simão Salvador não poderam ser de forma alguma, indiferentes ao seu feito e, por isso também honraram o benemérito e notável irmão colocando no salão nobre dos Paços do Concelho da Ribeira Grande uma sua oleogravura, ainda como preito do mais elevado tributo ao mérito.  

 

A figura humanitária de Simão Salvador ladeia, naquele nobre salão as dos venerandos e mais ilustres filhos de Santo Antão — o célebre Químico e Professor da Universidade da Sorbonne Roberto Duarte Silva e o laureado General do Artilharia e distinto matemático Viriato da Fonseca.  

 

CMSA.jpeg

Câmara Municipal de Ribeira Grande, Ponta do Sol

 

Por morte de Simão Salvador, em Ponta do Sol, ilha de Santo Antão, em 1856, a Câmara Municipal do Concelho da Ribeira Grande adquiriu as medalhas do mesmo que, como relíquia, se encontram expostas no Salão Nobre da Câmara, como glória de Santo Antão.  

 

Medalhas Simão Salvador.jpg

 

Praia, 22/XI/49.  

 

Extraído do «Diário Ilustrado», de Lisboa, de 10 de Setembro de 1873, e completado por ALBERTO DE SOUSA  

 

Cabo Verde - Boletim de Propaganda e Informação, Nº 4 - Janeiro de 1950

 

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19 comentários

De Luiz Silva a 02.06.2013 às 22:44

Num artigo consagrado aos heróis nacionais no Ponto & Virgula (n°9), Baltasar Lopes professor e mestre de varias geraçoes, o homem que certamente melhor definiu a caboverdianidade, referia aos emigrantes como os verdadeiros heróis da Naçao Caboverdiana".  Os heróis caboverdianos como ja' foi dito não nasceram em 1936 com A Claridade e nem em 1956 com a criaçao do PAIGC: os nossos heróis como Simão Salvador ou o Manuel o heroi pescador da pesca da baleia (ver o romance Moby Dick) estão na historia de Cabo Verde ha' mais de duzentos anos. Fazer um inventario desses heróis do mar alto torna-se obrigatoria para a escrita, sem eclusão, duma verdadeira historia de Cabo Verde. Recentemente a Holanda homenageou um heroi caboverdiano da primeira guerra mundial. Vamos para a frente com este inventario e acabar com os mitos de heróis de circunstancias, porque os heróis de Cabo Verde da América a São Tomé e Principe, são muitos e são desconhecidos pelo povo caboverdiano. Em todas as comunidades caboverdianas temos os nossos heróis que precisam ruas e estatuas no coraçao de cada ilha caboverdiana.

Luiz Silva

De Brito-Semedo a 07.06.2013 às 00:00

Caro Amigo, a Esquina do Tempo tem dado provas que se presta a este tipo de inventário e divulgação. O que é preciso é que se faça chegar a ela essas informações e fotos, sendo possível. 'Outro da Esquina do Tempo' é uma rúbrica criada para isso :-). Obrigado por esta sua contribuição e cá ficamos à espera de outras colaborações. Um abraço.

De José F lopes a 03.06.2013 às 09:14

Excelente iniciativa,
 Efectivamente heróis cabo-verdianos são muitos mas Simão Salvador o é pela sua bravura e humanidade.
 Bravo Brito Semedo por este excelente artigo com ilustrações alusivas à época.
 Mas precisamos da fotografia de Simão Salvador. Vamos pôr um  detective Indiana Jones a procura desta relíqui 

De Brito-Semedo a 07.06.2013 às 00:05


Caro Amigo, Faço um apelo directo a quem viva em Lisboa já que a Biblioteca Nacional de Lisboa deve ter essa foto. Provavelmente, o próprio artigo aqui referido do Boletim Cabo Verde deve trazer uma foto do nosso herói. Tenho uma vaga ideia de ter visto essa imagem antes. Obrigado e um abraço!

De Adriano Miranda Lima a 03.06.2013 às 21:04



Antes de iniciar a leitura, pensava que se tratava de mais um homem das artes e das ciências da nossa terra, mas eis que não foi vã a minha suspeita. As artes e as ciências exprimem actos e valores cuja avaliação está ao alcance dos homens, ao passo que o feito do Simão Salvador supera o mais sublime das artes e das ciências humanas. Pertence ao domínio dos deuses e só eles conhecem o verdadeiro padrão da sua mensuração.
 

De Carlos Filipe Gonçalves a 05.06.2013 às 12:45


Julgo que ilustrar este artigo deveriam ser publicadas as fotos das medalhas e uma foto do interior da Camara onde se diz estão as figuras desses heróis. Isso é importante, pois dá mais realismo e credibilidade ao artigo, e faria com que o leitor saia da simples imaginação, e entrar na realidade material dos factos.

De Brito-Semedo a 07.06.2013 às 00:11

Caro Amigo, Agradeço a sua apreciação e conselho/sugestão de jornalista que é. Se alguém me pudesse ajudar (cá fica o apelo), gostava de poder republicar o texto, agora com a foto do herói e suas medalhas e as demais honrarias referidas no artigo. Apraz a Deus que estejam guardadas e conservadas pela Câmara Municipal. Um abraço.

De Fátima Jussara a 29.03.2014 às 21:38

Olá, me surpreendeu positivamente esta página!
Veja: sou historiadora formada pela USP/Brasil e pesquiso no momento a pintura "Retrato do intrépido marinheiro Simão" do Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro e estou a procura de maiores informações sobre o marinheiro Simão. Que alegria saber das informações aqui expressas. Gostaria de ver uma fotografia da medalha que o Simão Salvador recebeu de D. Pedro II e desta oleogravura que está em Cabo Verde.
Se tendes maiores informações caro colega, por favor, contate-me por e-mail:
fatakay@yahoo.com.br
Muito obrigada desde já!

De Brito-Semedo a 03.04.2014 às 21:13

Pronto, graças ao amigo e colaborador da Esquina do Tempo, Artur Mendes, já temos  a foto de Simão Salvador, que foi levada para a Inglaterra. Cumprimentos.

De Fátima Jussara a 29.03.2014 às 21:46

Para quem tiver a curiosidade, o retrato ao qual me refiro, é de autoria de José Correia de Lima, este http://www.mnba.gov.br/2_colecoes/8_pintura_br/f_Jose_correia_lima.htm
gostaria muito de ver uma fotografia deste outro que está em Cabo Verde, e das medalhas.

De Brito-Semedo a 29.03.2014 às 23:33

Caríssima, Fico feliz por ter chegado até à Esquina do Tempo e ter partilhado as informações e o retrato de Simão Salvador. Reeditei oi post e lancei um apelo. Vamos ver no que dá. Um abraço.

De Valdemar Pereira a 30.03.2014 às 18:40

Nunca é demais relembrar os HEROIS. Venham de onde vierem.
Espero que A Esquina continue com as suas buscas para nos deliciar.
Abraço
V/

De Djack a 31.03.2014 às 19:22

No grande incêndio que teve lugar na noite de 3 para 4 de Março de 1926, em que ardeu o edifício dos Paços do Concelho da Ponta do Sol e pouco se salvou, perdeu-se um busto em gesso do herói Simão Salvador.


Simão Salvador ficou de tal modo na memória das gentes cabo-verdianas que deu nome a outros patrícios. Por exemplo, a António Simão Salvador que por Janeiro de 1929 rumou a Coimbra para fazer o curso de oficial médico miliciano. Se o acabou ou não, desconheço.


Embora modestos, aqui ficam estes dois contributos do Praia de Bote,
Djack

De Fátima Jussara a 01.04.2014 às 16:28

Caro colega, me é de grande valia um documento, notícia de jornal talvez sobre este incêndio e sobre este busto em gesso. 
Tive notícia que D. Pedro mandou fazer um busto de Simão no Rio de Janeiro, mas não consegui fonte confiável.


Agradeço a atenção mais uma vez.


Fico feliz também de contribuir um pouquinho com este post!


Fátima Jussara

De Brito-Semedo a 03.04.2014 às 21:55

Mais informações/comentários colocados no FaceBook:
Bento Oliveira: São mais duas imagens de Simão Salvador, uma está em restauro em Portugal (Propriedade da Câmara Municipal da Rª Grande, Santo Antão?) e a outra é um desenho que serviu de ilustração para o artigo do pesquisador ensaísta e poeta Francisco Lopes da Silva. Podem procurar o desenho num dos nº do Boletim informativo de Cabo Verde, ou no jornal Noticias. As medalhas estão na Câmara Municipal e estão seguras. Simão Salvador era de PENHA DE FRANÇA.
Ana Cordeiro: Também a escritora cabo-verdiana Gertrudes Pusich escreveu um artigo sobre o herói Simão, em Dezembro de 1853, no jornal A Beneficência, de que era proprietária e redactora , com o título "O Heroísmo de um Africano Súbdito Português Nascido no Arquipélago de Cabo Verde". Alguns excertos : "Simão!...Nobre Africano!...Ainda ontem o teu nome era obscuro e ignorado! hoje é conhecido e respeitado! (...) É pobre, é esquecida a nossa terra, mas tu, ilustre africano, vais engrandecê-la com o teu nome que não pode já deixar de resplandecer na história (...) Que nos importam as diferenças de cor e nascimento? Que valem essas quimeras aos olhos da razão! (...) embora o valente Simão nascesse em uma pobre cabana e nós em ricas salas; temos iguais sentimentos e muito nos prezamos de o estimar como nosso bom patrício."
Obrigado, Amigos.

De Djack a 07.04.2014 às 00:32

ATENÇÃO! Dei agora pela confusão, pela qual peço desculpa: este António Simão Salvador que foi para Coimbra nada tem a ver com Cabo Verde mas sim com a Guarda, Portugal. Quanto ao busto de gesso, a nota está correcta e de facto assim foi. Em breve, enviarei para a Jussara o ficheiro com a cópia do jornal onde ela está inserida.


Braça,
Djack




De Artur Mendes a 02.04.2014 às 22:50

 PARTE OFICIAL


MINISTÉRIO DOS NEGÓCIOS DO REINO


Anuindo á proposta do ministro e secretaria de estado dos negócios estrangeiros, a favor de um marinheiro português chamado Simão natural de Cabo Verde, em atenção ao acto de heroismo e philantropia, que praticara com grande risco da própria vida, salvando treze pessoas, por ocasião do naufrágio da embarcação a vapor brasileira Pernambucana, acontecido pelo principio do mez de Outubro ultimo, nas costas do sul do Imperio do Brasil entre o Rio de grande e Santa Catharina : feito este que tendo merecido a geral admiração, fora imediatamente galardoado por Sua Magestade o Imperador do Brasil com uma medalha de distincção; e querendo eu dar ao referido marinheiro Simão um testemunho publico do grande apreço em que tenho tão relevante serviço prestado á humanidade. Hei por bem, em nome de El Rei fazer-lhe mercê da medalha de ouro para disttincção e premio concedido ao mérito, filantropia e generosidade. O ministro e secretrario de estado dos negócios do reino assim o tenha intendido e faça executar. Paços das Necessidades, em 14 de Dezembro de 1883 -- Rei Regente. -- Rodrigo da Fonseca Magalhães.


...
Reportagem da correspondente do jornal no Brasil (excerto)
..."Legou por este facto o seu nome á posteridade; e o governo brasileiro achou-o tão digno disso, que vae tirar-lhe o busto e collocal-o na praça do commercio; e os inglezes vão mandar o seu retrato para Inglaterra!..."


( Imprensa e Lei)


Nota : Possuo reportagem completa.

De Brito-Semedo a 03.04.2014 às 21:02

Caro Amigo, Essas suas informações são importantíssimas e a foto enviada, então, é a cereja sobre o bolo :-). O post ficou ainda mais enriquecido. Obrigado e um abraço.

De ravidson graça a 04.07.2017 às 08:43

Parabéns pela iniciativa.
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