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Mestre Malaquias Costa

 

 

Apesar dos seus 90 anos de idade, nhô Amancinho ainda se encontrava suficientemente rijo para cuidar de si. Pequeno e magro, só as costas um pouco dobradas e as pernas já menos expeditas denunciavam a sua bonita idade. Dispensava ajuda nas suas lidas diárias, e ele próprio confeccionava as suas morigeradas refeições. Morava num cutelo, habitando uma casinha da grande propriedade agrícola onde durante largos anos foi o feitor, muito bem considerado pelo dono e sua família. Foi pelo seu merecimento que lhe outorgaram o direito de viver ali até ao fim dos seus dias. Naquela zona do interior do Paul, ilha de Santo Antão, o habitat humano era disperso, como o era na generalidade da ilha, com as pequenas casinhas rurais salientando-se no meio das meradas[1] talhadas nos socalcos das encostas. Como vizinhança mais próxima, nhô Amancinho tinha a nha Clarisse e a sua filha, de nome Joana. Volta e meia, uma ou outra apareciam por lá para saber se estava tudo bem com ele, e sempre que calhava levavam-lhe uns pequenos mimos, como um pouco de cuscuz, uma batata-doce assada, uma canequinha de mel de cana, ou mesmo um caldinho quente acabado de fazer. Nessas alturas, trocavam sempre dois dedos de conversa e o tema era invariavelmente a família, o estado do tempo ou as lembranças dos tempos antigos. Nhô Amancinho habituara-se há muitos anos a viver em solidão, depois da morte da sua companheira e mãe dos seus dois filhos, um que morreu ainda rapaz e outro, o Mário, que vivia actualmente na Praia.

 

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Boas Festas e Feliz Ano Novo

Brito-Semedo, 20 Dez 15

 

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Presépio feito por Rosa Conceição de Nha Zulmira de Tarrafal, Santo Antão, Dez.2015 

 

 

A Esquina do Tempo deseja a todos os seus leitores umas Boas Festas e um Feliz Ano Novo!

  

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