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Esquina do tempo por Brito-Semedo © 2010 - 2015 ♦ Design de Teresa Alves
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Brito-Semedo, 9 Ago 18


Homenagem aos Capitães de Faluchos e Veleiros das Ilhas
Ancorado na baía, sem hora marcada para a partida, o Falucho balança, balança…
E ele [marinheiro] vai baloiçando como um mastro
Aos seus ombros apoiam-se as esquinas.
– Sophia de Mello Breyner Anderson,
“Marinheiro sem Mar”, in Mar Novo, 1957
O Balançar do Falucho
Dobrada a “Esquina do Tempo”, o cronista decidiu ser marinheiro de “Falucho”, criar um novo projecto de escrita e viajar pelos mares das ilhas à procura de estórias e de fixar hábitos e costumes das suas gentes.
Brito-Semedo, 27 Jul 18

À memória de Marcos Lopes, Capitão do Ernestina
“Apenas um búzio, Daniel, para uma vez mais e para sempre, aí desse lado, te ficares a ouvir o mar longínquo da tua infância adormecida” – Maria Rosa Colaço, Abril.1964

Teu sonho tem a forma de um navio,
inesperadamente enraizado
entre pólipos, limos, rapazio
do cais abandonado.
Para a viagem que não há, arvora
o negro pavilhão das aventuras.
– Vê-lo-ás partir um dia, no remanso da aurora,
sereno recendo o vento nas amuras.
Onde irá naufragar? A que praia distante
irá fazer aguada num domingo de sol?
A que estranha paisagem a brisa do levante
o levará, talvez? A que pérfido atol?
(Entanto, só navio
moldura da sala,
é quase o desafio
de quem conhece e cala.)
– Daniel Filipe, “Sala de estar”,
in A Ilha e a Solidão, 1957
Brito-Semedo, 13 Jul 18
Homenagem a Valentim Lucas, Vula, 87 anos, Capitão do Ernestina
Nestas ilhas atlântidas do meio do mundo acontecem coisas estranhas e insólitas. Por estas bandas, está-se em estado progressivo de esquecimento activo e de apagamento de memória. É preciso resistir, reinventar o amor e recriar a memória.
praias
onde naufragaram
navios,
aonde aportaram
caravelas,
onde saltaram
marinheiros queimados,
corsários, escravos, aventureiros,
condenados, fidalgos, negreiros,
donatários das Ilhas, Capitães-Mores…
– Jorge Barbosa, “Panorama”,
in Arquipélago, 1935
Brito-Semedo, 28 Jun 18

À memória de Augusto Brito Lima, Gust d'ti Pól, Capitão do Bita
Perspectivar a literatura-mundo a partir de um ponto de observação, o Falucho, é inevitavelmente compreender que é impossível falar da literatura cabo-verdiana sem reconhecer as suas ligações a outros espaços e latitudes geográficas e a outras literaturas.
As manifestações literárias das ilhas constituem, a nosso ver, uma metáfora do corpo humano:
Brito-Semedo, 14 Jun 18

À memória de Armando d’Isilda, Capitão de Maria Sony
Com o Falucho fundeado no porto, o marinheiro foi ver mundo pelo monóculo das ilhas.
Longe de sol dnha terra
ta rolâ na África
ta rolâ n’Iropa
ta rolâ na Merca
ta rolâ na mapa
ta rolâ na munde
Corsino Fortes, “Recode d’Umbertona”,
in Pão & Fonema, 1974
Sempre se disse que os dois recursos de Cabo Verde são a sua latitude e a sua longitude, pontos fixos, ou seja, a sua posição geográfica. Foi por isso que, ao longo da sua história, as ilhas foram tidas ora como ponto de apoio para as descobertas e ao comércio na costa, ora como ponto de referência, ora como ponte ligando as duas margens do atlântico.
Brito-Semedo, 31 Mai 18

À memória do Armador Manoel Antonio Martins, o Senhor das Ilhas
“As mulheres não casam com os homens, casam com os sonhos dos homens (…). As mulheres não têm tempo para sonhar (…) são uma encruzilhada de vidas e têm que se manter acordadas, atentas a todas essas vidas que passam em si” – Personagem Maria Josefa, in O Senhor das Ilhas, 1994, pg. 17
A vida do mar sempre foi para homens de barba rija e mãos grandes e calejadas.
As mulheres, que não enfrentavam o mar, viviam os seus efeitos – anseios, frustrações, perdas, amores e desamores… E sendo repositórios das memórias, registavam as estórias dos pais, dos maridos, dos filhos… preservando-as.
Brito-Semedo, 17 Mai 18

À memória do Capitão João de Deus Lopes da Silva,
Capitão de longo curso e do mar das ilhas
De pé na ourela do cais
velejo para aquém do mar alto.
De mim jamais, eu me saio,
dos outros, jamais, eu me aparto.
No meu pulsar de marinheiro
navega teu coração.
Nunca o amor é de menos
nunca a saudade é de mais.
– Gabriel Mariano, Ladeira Grande, 1993
Brito-Semedo, 4 Mai 18

Homenagem ao Capitão Crisanto Rufino Lopes, 87 anos
Cabá navio, cabá vapor… Cabá tud! Gent sem juíze… É nossa sina? Quem é o dono deste crime?
Êss qu'é nha terra, é Cabo Verde
Nhor Dês bta-l na meio di mar,
Nabiu di pedra ta busca rumo
Sem podê otcha-l na sê lugar
Ô mar azul, abri-m caminho
Falucho branco, trazê-m nha carta
Povo sagrado tchora quietinho
Cretcheu na peito, morna na boca
– Gabriel Mariano, “Sina de Cabo Verde”
Desapareceram dos nossos mares todos os nossos navios da cabotagem, faluchos, veleiros… não ficou nem um, nem mesmo um de amostra para a geração futura. Já não há mais navios. Cabá navio, cabá vapor… Cabá tud! Gent sem juíze… É nossa sina? Quem é o dono deste crime?
Brito-Semedo, 30 Abr 18

O falucho BELMIRA na moeda de 5$00 (Banco de Cabo Verde, 1994)



Fotos cedidas por Adalberto Silva Betú, Abril.2018


Fotos Brito-Semedo, Outubro.2022
BELMIRA a apodrecer na praia de Beach Rotcha, Cidade do Porto Inglês, ilha do Maio.
NB - Post N.º 2010
Brito-Semedo, 12 Abr 18

Homenagem ao Capitão Alberto Pancrácio Lopes pelo seu 93.º aniversário
A temática do mar é, em Teixeira de Sousa (Fogo, 1919 – 2006) e em muitos escritores cabo-verdianos, um fascínio e uma obsessão – Ai o mar/ que nos dilata sonhos e nos sufoca desejos! – ou não seriam eles ilhéus com o mar à volta. Foi assim em Contra Mar e Vento (1972), foi assim em O ilhéu de contenda (1978), foi também assim em Capitão de Mar e Terra (1984) e foi assim em Oh Mar das Túrbidas Vagas (2005).
Esquecer!? Ninguém esquece…
Suspende fragmentos na câmara escura, que se revelam à luz da lembrança...
Corrigido no texto. Grato pela correção. Abraço.
Ele nasceu em 1824.
Grato pela partilha destas informações que enrique...
Devido à oportunidade de realizar pesquisas sobre ...
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