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O Falucho balança, balança…

Brito-Semedo, 9 Ago 18

 

Falucho - LogoMarca2.PNG

 

Carvalho by Hamilton Silva, 2008.jpg

 

Homenagem aos Capitães de Faluchos e Veleiros das Ilhas

 

 

Ancorado na baía, sem hora marcada para a partida, o Falucho balança, balança…

 

 

E ele [marinheiro] vai baloiçando como um mastro

Aos seus ombros apoiam-se as esquinas.

 

– Sophia de Mello Breyner Anderson,

“Marinheiro sem Mar”, in Mar Novo, 1957

 

  

O Balançar do Falucho

 

Dobrada a “Esquina do Tempo”, o cronista decidiu ser marinheiro de “Falucho”, criar um novo projecto de escrita e viajar pelos mares das ilhas à procura de estórias e de fixar hábitos e costumes das suas gentes.

 

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Búzio-Tritão & Sons do Mar

Brito-Semedo, 27 Jul 18

 

Falucho.PNG

 

 

 

À memória de Marcos Lopes, Capitão do Ernestina

 

 

“Apenas um búzio, Daniel, para uma vez mais e para sempre, aí desse lado, te ficares a ouvir o mar longínquo da tua infância adormecida” – Maria Rosa Colaço, Abril.1964

 

 

Buzio.jpg

 

Teu sonho tem a forma de um navio,

inesperadamente enraizado

entre pólipos, limos, rapazio

do cais abandonado.

 

Para a viagem que não há, arvora

o negro pavilhão das aventuras.

Vê-lo-ás partir um dia, no remanso da aurora,

sereno recendo o vento nas amuras.

 

Onde irá naufragar? A que praia distante

irá fazer aguada num domingo de sol?

A que estranha paisagem a brisa do levante

o levará, talvez? A que pérfido atol?

 

 (Entanto, só navio

 moldura da sala,

é quase o desafio

de quem conhece e cala.)

 

– Daniel Filipe, “Sala de estar”,

in A Ilha e a Solidão, 1957

 

 

 

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Sereias, Tritões & Piratas das Ilhas

Brito-Semedo, 13 Jul 18

 

Capton Farel.jpgHomenagem a Valentim Lucas, Vula, 87 anos, Capitão do Ernestina

  

 

Nestas ilhas atlântidas do meio do mundo acontecem coisas estranhas e insólitas. Por estas bandas, está-se em estado progressivo de esquecimento activo e de apagamento de memória. É preciso resistir, reinventar o amor e recriar a memória.

 

praias

onde naufragaram

navios,

aonde aportaram

caravelas,

onde saltaram

marinheiros queimados,

corsários, escravos, aventureiros,

condenados, fidalgos, negreiros,

donatários das Ilhas, Capitães-Mores…

 

– Jorge Barbosa, “Panorama”,

in Arquipélago, 1935

 

 

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Cabo Verde e a literatura-mundo

Brito-Semedo, 28 Jun 18

 

Literatura-mundo.jpeg

 

À memória de Augusto Brito Lima, Gust d'ti Pól, Capitão do Bita

 

 

Perspectivar a literatura-mundo a partir de um ponto de observação, o Falucho, é inevitavelmente compreender que é impossível falar da literatura cabo-verdiana sem reconhecer as suas ligações a outros espaços e latitudes geográficas e a outras literaturas.

 

 

As manifestações literárias das ilhas constituem, a nosso ver, uma metáfora do corpo humano:

 

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Cabo Verde – De Ponto à Ponte

Brito-Semedo, 14 Jun 18

 

Monóculo antigo.jpg

À memória de Armando d’Isilda, Capitão de Maria Sony

 

Com o Falucho fundeado no porto, o marinheiro foi ver mundo pelo monóculo das ilhas.

  

 

Longe de sol dnha terra

ta rolâ na África

ta rolâ n’Iropa

ta rolâ na Merca

ta rolâ na mapa

ta rolâ na munde

 

Corsino Fortes, “Recode d’Umbertona”,

in Pão & Fonema, 1974

 

 

Sempre se disse que os dois recursos de Cabo Verde são a sua latitude e a sua longitude, pontos fixos, ou seja, a sua posição geográfica. Foi por isso que, ao longo da sua história, as ilhas foram tidas ora como ponto de apoio para as descobertas e ao comércio na costa, ora como ponto de referência, ora como ponte ligando as duas margens do atlântico.

 

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Falucho no Feminino

Brito-Semedo, 31 Mai 18

 

Senhor das Ilhas.jpg

À memória do Armador Manoel Antonio Martins, o Senhor das Ilhas

 

 

“As mulheres não casam com os homens, casam com os sonhos dos homens (…). As mulheres não têm tempo para sonhar (…) são uma encruzilhada de vidas e têm que se manter acordadas, atentas a todas essas vidas que passam em si” – Personagem Maria Josefa, in O Senhor das Ilhas, 1994, pg. 17

 

A vida do mar sempre foi para homens de barba rija e mãos grandes e calejadas.

 

As mulheres, que não enfrentavam o mar, viviam os seus efeitos – anseios, frustrações, perdas, amores e desamores… E sendo repositórios das memórias, registavam as estórias dos pais, dos maridos, dos filhos… preservando-as.

 

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Oh-na-mar…

Brito-Semedo, 17 Mai 18

 

Djéu.jpg

 

 

À memória do Capitão João de Deus Lopes da Silva,

Capitão de longo curso e do mar das ilhas

 

 

De pé na ourela do cais

velejo para aquém do mar alto.

De mim jamais, eu me saio,

dos outros, jamais, eu me aparto.

 

No meu pulsar de marinheiro

navega teu coração.

Nunca o amor é de menos

nunca a saudade é de mais.

 

– Gabriel Mariano, Ladeira Grande, 1993

  

 

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Sôdad de nôs paquêt

Brito-Semedo, 4 Mai 18

 

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Homenagem ao Capitão Crisanto Rufino Lopes, 87 anos

 

 

Cabá navio, cabá vapor… Cabá tud! Gent sem juíze… É nossa sina? Quem é o dono deste crime?

 

Êss qu'é nha terra, é Cabo Verde

Nhor Dês bta-l na meio di mar,

Nabiu di pedra ta busca rumo

Sem podê otcha-l na sê lugar

Ô mar azul, abri-m caminho

Falucho branco, trazê-m nha carta

Povo sagrado tchora quietinho

Cretcheu na peito, morna na boca

 

– Gabriel Mariano, “Sina de Cabo Verde”

  

Desapareceram dos nossos mares todos os nossos navios da cabotagem, faluchos, veleiros… não ficou nem um, nem mesmo um de amostra para a geração futura. Já não há mais navios. Cabá navio, cabá vapor… Cabá tud! Gent sem juíze… É nossa sina? Quem é o dono deste crime?

 

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Falucho Belmira

Brito-Semedo, 30 Abr 18

 

Falucho Belmira.jpg

 

O falucho BELMIRA na moeda de 5$00 (Banco de Cabo Verde, 1994)

 

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Falucho Belmira 2.jpg

Falucho Belmira 3.jpg

Fotos cedidas por Adalberto Silva Betú, Abril.2018

 

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Belmira2.jpg


Fotos Brito-Semedo, Outubro.2022

 

BELMIRA a apodrecer na praia de Beach Rotcha, Cidade do Porto Inglês, ilha do Maio.

 

NB - Post N.º 2010

 

 

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Capitães-de-Mar-e-Terra

Brito-Semedo, 12 Abr 18

 

Capa.jpg

Homenagem ao Capitão Alberto Pancrácio Lopes pelo seu 93.º aniversário

 

A temática do mar é, em Teixeira de Sousa (Fogo, 1919 – 2006) e em muitos escritores cabo-verdianos, um fascínio e uma obsessão – Ai o mar/ que nos dilata sonhos e nos sufoca desejos! – ou não seriam eles ilhéus com o mar à volta. Foi assim em Contra Mar e Vento (1972), foi assim em O ilhéu de contenda (1978), foi também assim em Capitão de Mar e Terra (1984) e foi assim em Oh Mar das Túrbidas Vagas (2005).

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Esquecer!? Ninguém esquece…
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