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Grito Musical em Memória do Eden Park

Brito-Semedo, 27 Ago 15

  

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 - Luiz Silva, Sociólogo

 

O imaginário cabo-verdiano está repleto de estórias passadas no Eden Park. Contudo, os músicos foram os que mais certamente ficaram ligados a este marco cultural mindelense por ele ter servido também de escola de música, graças aos filmes ali exibidos com a participação de grandes cantores e compositores americanos, mexicanos, franceses, e outros. Por exemplo, a música "Intentaçon de Carnaval" foi copiada de um filme projectado no Eden Park pelo Tony Marques, a que acrescentou um texto humorístico, carregado de piadas e que bem se identifica com o Carnaval mindelense.

 

Outra música de filme que ficou célebre é a "Rainha do Circo" que passou a ser tocada em todos os bailes. Músicos como Jack Estrilinha, Jotamont, Amândio Cabral, Bana, Morgadinho, Luís Morais até às mais novas gerações como Jorge Sousa, Titina, Paulino Vieira, todos frequentaram pela “escola” do Eden Park.

 

Foi também ali que passaram os grandes grupos musicais como a "Voz de Cabo Verde", os "Ritmos Cabo-verdianos", os "Centauros" e também os mais jovens que não vou citar. Todos estes músicos foram grandes cinéfilos porque ali encontraram um espaço de formação musical e um certo engajamento social fazendo da música uma arma de defesa do povo. E havia concorrência com o cinema do Tuta Melo que apresentava grandes comédias musicais com Richard Montalban, sem esquecer o filme "As sete noivas para sete irmãos", com Howard Kell.

 

 

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Ontem Revi o Orfeu Negro

Brito-Semedo, 26 Ago 15

 

- Jorge Martins, Fotógrafo

 

Muito se tem escrito e falado sobre o destino que terá o edifício do Cinema Eden Park, visto já ser voz corrente que o espaço foi, ou vai ser, vendido.


Tudo o que eu possa aqui dizer, a favor da continuação desse marco indelével da cultura Mindelense e por força, Cabo Verdeana, já foi dito e escrito, por gente bem mais abalizada do que eu e com peso reconhecido em questões de cultura da Nossa Terra.


O motivo deste meu atrevimento, deve-se, a tudo o que já foi afirmado por todos os que, como eu, abriram os olhos para outros mundos através dessas duas salas de espectáculos, Eden Park e Park Mira Mar, que, durante décadas, divertiram e educaram muitos amantes da 7ª arte - o Cinema - mas também do Teatro e da Música, não esquecendo os saudosos “Bailes de Carnaval” que, à época, eram ponto de passagem obrigatória para todos os foliões do Mindelo.


Mas o meu motivo mais forte, prende-se com esta pequena “estória”, para a qual peço que tenham um pouco de paciência e leiam até ao fim.


Embora fosse um dos que tinha a possibilidade de pagar um bilhete para poder assistir a uma das numerosas “fita” que essas saudosas salas apresentavam, nem sempre tal era viável, pois os porteiros eram muito rigorosos com as questões da idade que permitia o acesso a esta ou aquela maravilha da 7ª maravilha.


Esgotadas todas as artimanhas para poder entrar, só me restava uma forma. Encontrar alguém que sem esse tipo de limitação que a idade tem nessas alturas, pudesse calmamente assistir ao espectáculo e, depois, me fizesse um relato tão fiel quanto possível da “fita” tão desejada.


Não podendo recorrer ao meu saudoso Pai que, com reserva garantida para todas as Estreias do Cinema, não perdia patavina do que se passava nessas telas, só me restava uma solução, que era a empregada que trabalhava lá em casa, de seu nome Romana Semedo Cabral.


Mulher vivida, como ela costumava dizer, com 11 filhos paridos em seis partos, dois deles nas Roças de São Tomé.


Ora, a Romana pelava-se por uma boa “fita”, daquelas com Sport, M’nina d’Sport, bons, maus, bandidos ou ingénuos. Simples histórias de amor ou as mais gritantes injustiças sociais, daquelas que a censura da época lá deixava passar, a uma divertida comédia do Charlot ou do Bucha e Estica.

 

 

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Esquecer!? Ninguém esquece…
Suspende fragmentos na câmara escura, que se revelam à luz da lembrança...

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Jornalista e Poeta Eugénio Tavares

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