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"O Escravo" de Evaristo d’Almeida

Brito-Semedo, 31 Mar 16

 

O Escravo.jpg

O autor de O Escravo, o primeiro romance de temática cabo-verdiana, publicado em 1856, é, no mínimo, uma figura intrigante, já que a sua vida e obra são pouco ou nada conhecidos. Senão, vejamos em meia dúzia de notas aqui alinhavadas:

 

1. José Evaristo d’Almeida é português reinol cujas origens e data de nascimento e morte continuam sendo desconhecidas. Sabe-se que foi escrivão, funcionário da Fazenda, colocado em Cabo Verde, segundo João Nobre de Oliveira, pelo menos desde 1 de Julho de 1844, data da sua nomeação como Oficial da Contadoria Geral de Cabo Verde. Em 1849 foi eleito deputado por Cabo Verde às cortes de Lisboa. Constituiu família e deixou descendência na ilha Brava. Colocado na Guiné, viria ali a falecer (conferir A Imprensa Cabo-verdiana, 1998).

 

Segundo Turíbio Hamilton Pinheiro, um bravense a viver em Portugal, "para além dos dois descendentes de José Evaristo d’Almeida, citados nos dados biográficos fornecidos a página 9 de O Escravo, edição de 1989 [Silvestre Pinheiro Faria, falecido em 1993, e Amiro Pinheiro Faria, mais Maria Faria Brito (Professora Biá) e Vicente Pinheiro Faria, falecido em 2013, trinetos], encontram-se, felizmente, por esse mundo fora, muitos descendentes desta interessante figura que passou por Cabo Verde. Uns, em Cabo Verde, mas a maioria, nos Estados Unidos da América" (conferir o blogue Esquina do Tempo, de Brito-Semedo, Outubro de 2013).

 

2. Das suas actividades de literato tem-se também informações escassas. Sabe-se que Evaristo d’Almeida foi redactor do Boletim Official do Governo Geral de Cabo-Verde (fundado em 1842), com colaboração na secção Interior, “Parte não Official”, que incluía notícias diversas, anúncios particulares, crónicas, poesia e ficção, esta, em forma de folhetim.

 

Em Feverereiro de 1852 José Evaristo d’Almeida editou em Lisboa uma brochura de oito páginas, na verdade, um longo poema de 223 versos, Epístola a ***, no qual faz referências e comentários sobre a sua vivência em Cabo Verde:

 

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Num post de apresentação do romance O Escravo, de José Evaristo d'Almeida, dizia que este autor tinha publicado um folheto intitulado "Epístola A***", que tem uma referência a Cabo Verde, apenas por ouvir dizer [O Escravo (1856), O 1.º Romance Cabo-verdiano].

 

Hoje, pelas mãos de um amigo do grupo 'Criolo de Djabraba', Turíbio Hamilton Pinheiro, a Esquina do Tempo tem o privilégio de poder apresentar aos seus leitores esse belo poema de 223 versos de José Evaristo d'Almeida, o fundador do romance cabo-verdiano, que não se esqueceu de Cabo Verde “...onde eu passara/ uns doz’annos de bem custosa vida...”.

 

Antes, porém, uma nota que se impõe. Segundo Turíbio Hamilton Pinheiro, "para além dos dois descendentes de José Evaristo d’Almeida, citados nos dados biográficos fornecidos a página 9 de O Escravo, encontram-se, felizmente, por esse mundo fora, muitos descendentes desta interessante figura que passou por Cabo Verde. Uns, em Cabo Verde, mas a maioria, nos Estados Unidos da América, creio eu".

 

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Nova Sintra, Foto Djibla

 

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"O escravo" (1856) fundou o gênero romance em Cabo Verde. Foi escrito por José Evaristo d'Almeida, um português, branco, que passou grande parte de sua vida nas colônias da África. A heroína do romance é uma mulata de classe média, Maria, idealizada nos moldes românticos. Lembrando que a população caboverdiana é fundamentalmente mestiça, temos uma intenção clara do autor de valorizar na figura da jovem, um nativismo caboverdiano. No entanto, quando o narrador exalta as qualidades de Maria, acaba por reproduzir no mestiço aquilo que é entendido como qualidade para o branco europeu. Se tal procedimento não é novidade no contexto literário romântico, o é o fato dessa mulata se apaixonar por um escravo negro e não por um branco europeu. O que move a presente comunicação são as possíveis interpretações desse episódio.

 

Helder Garmes, USP

 

Autor: José Evaristo d'Almeida

Prefácio: Manuel Veiga

Título: O Escravo

Editora: Instituto Caboverdiano do Livro, ICL, 1988

 

NOTA: O Escravo pode ser lido aqui na íntegra.

 

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JOSÉ EVARISTO D’ALMEIDA, terá nascido em Portugal  em 1810 e falecido na Guiné em 1856. Esteve radicado em Cabo Verde durante muitos anos, onde deixou descendentes, alguns ainda hoje vivos, como os poetas Silvestre Faria e Amiro Faria. Além de O Escravo, o Autor publicou um folheto intitulado Epístola a..., que tem uma referência a Cabo Verde.

 

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'A Ilha dos Escravos'

Brito-Semedo, 17 Dez 10

 

 

A Ilha dos Escravos.jpeg

A história desenrola-se no século XIX, durante uma revolta de miguelistas exilados em Cabo Verde, e centra-se num triângulo amoroso envolvendo a filha de um fazendeiro, um escravo e um oficial miguelista. Um levantamento de tropas, na cidade da Praia, instigado por oficiais desterrados para o arquipélago, em consequência da derrota dos partidários do infante D. Miguel, na guerra civil portuguesa, é o núcleo histórico do filme. Os rebeldes, contrariando as suas próprias convicções antiliberais, tentam aliciar para seu campo a população escrava, à falta de outros meios humanos que lhes corporizem os desígnios. Conspiração político-militar por um lado, insurreição de escravos por outro, ambas associadas, mas transitoriamente convergentes, e a mistura não podia ser senão explosiva. Se o núcleo histórico do filme é abertamente conflituoso, o núcleo dramático não é menos, com uma tecitura melodramática, que nos remete, em pleno para o período romântico, em que a acção decorre.

 

M12

País: Portugal

Ano: 2008

Género: Drama

Duração: 100m

 

Ficha Técnica

Realização: Francisco Manso (Portugal) Interpretação: Ângelo Torres (Guiné-Equatorial), Diogo Infante (Portugal), Milton Gonçalves (Brasil), Vítor Norte (Portugal), Zezé Motta (Brasil)

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JOSÉ EVARISTO D’ALMEIDA terá nascido em Portugal em 1810 e falecido na Guiné em 1856. Esteve radicado em Cabo Verde durante muitos anos, onde deixou descendentes, alguns ainda hoje vivos, como os poetas Silvestre Faria e Amiro Faria. Além de O Escravo, o Autor publicou um folheto intitulado Epístola a..., que tem uma referência a Cabo Verde.

 

Autor: José Evaristo d'Almeida

Prefácio: Manuel Veiga

Título: O Escravo

Editora: Instituto Caboverdiano do Livro, ICL, 1988

  

A representação da mulata no romance caboverdiano "O escravo" (1856)


"O escravo" (1856) fundou o gênero romance em Cabo Verde. Foi escrito por José Evaristo de Almeida, um português, branco, que passou grande parte de sua vida nas colônias da África. A heroína do romance é uma mulata de classe média, Maria, idealizada nos moldes românticos. Lembrando que a população caboverdiana é fundamentalmente mestiça, temos uma intenção clara do autor de valorizar na figura da jovem um nativismo caboverdiano. No entanto, quando o narrador exalta as qualidades de Maria, acaba por reproduzir no mestiço aquilo que é entendido como qualidade para o branco europeu. Se tal procedimento não é novidade no contexto literário romântico, o é o fato dessa mulata se apaixonar por um escravo negro e não por um branco europeu. O que move a presente comunicação são as possíveis interpretações desse episódio.

 

Helder Garmes, USP

 

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