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Tubarões Azuis.jpg

 Foto: Orlandinho Mascarenhas

 

 

Cabo Verde perdeu e não há drama. É realidade: Marrocos é uma equipa com mais tradição, melhor cultura táctica e mais disciplina no campo. É bom não esquecer que o ranking da Fifa é apenas uma lista feita à base de uma estranha equação de pontos somados. É só ver que no primeiro lugar está a Bélgica, equipa que nunca ganhou nada no futebol, e Portugal encontra-se entre os 10 primeiros, à frente se selecções como a Inglaterra, Uruguai e Itália. Mas é bom ver os Tubarões Azuis na posição 31.


Hoje na Praia, vi a pior selecção de Cabo Verde desde o CAN 2013. Muito mal arrumada, sem uma estrutura de jogo e sem apresentar uma única jogada estudada. Pedir um estilo de jogo seria demais.


Houve falta de comando no banco já que qualquer um que segue o futebol internacional, podia imaginar que Marrocos iria entrar a pressionar para fazer um golo e depois gerir o resultado. A jogar num campo com relva artificial, pequeno, com muito vento e a três dias de um novo jogo, em sua casa, frente ao seu principal adversário no grupo, não é preciso ser muito inteligente para se adivinhar as intenções dos marroquinos. E apostaram em subir as linhas de jogo e pressionar a defesa crioula que, sabe-se, é muita lenta. E nos dois lances madrugadores – o penalty que ficou por marcar (pelo que vi n tv) e o executado – o jogo ficou decidido.


A partir daí, apesar da equipa marroquina ter entregue o campo aos Tubarões Azuis, estes nunca apresentaram um fio de jogo. O meio-campo não existiu, não houve um municiador de jogo ofensivo, ninguém pautava o ritmo e a opção por passes aéreos num dia de muito vento era como colocar água em balaio furado. Por pouco pareceu-me estar a ver o Boavistão dos anos de 1980: só faltou a poeira da Várzea.

 

Tubarões Azuis.jpg

 

A classificação está comprometida, muito comprometida, já que Cabo Verde joga dentro de três dias em Marrocos, com um equipa altamente moralizada. Mas, como se diz na terra, "jog e féma", e gostaria que fosse mesmo.


Nessa encruzilhada, já o disse muitas vezes, a FCF deve definitivamente assumir a selecção de futebol como um "desígnio nacional", não para ficar agarrada à "mama" do Estado, mas para encontrar um figurino financeiro, técnico e de merchandising profissional. É que a fasquia atingida pelos Tubarões Azuis e as potencialidades que se abrem à sua frente não se compadecem com remendos amadores e de recurso.
O material está lá, falta saber trabalhar… Sou Tubarão até os dentes!!!!


PS: Espero que "os profissionais" das redes sociais não se esqueçam das críticas feitas ao Rui Águas por ser frio (a equipa também) e por colocar Ryan Mendes sempre no banco.

 

– Álvaro Ludgero Andrade

Washington, EUA

 

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